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Não sou de modas, nunca fui, muito menos com os livros. Aliás, com o preço a que eles estão e com uma vida agitada, é praticamente impossível estar atenta e inteirar-me dos novos bestsellers, dos livros "da moda", daqueles que só custam qualquer coisa como 15€, ou até menos, de 5€ para cima, que esta não é a melhor época para se desperdiçar dinheiro (não que comprar livros seja um desperdício, longe disso!, mas há que poupar).
Os livros que leio são aqueles que me chamam a atenção. Provavelmente até acabo por comprar uns quantos livros "da moda", mas com 3 anos de atraso, quando começo a encontrá-los mais baratos, em segunda mão. Provavelmente, até acabo por encontrá-los na biblioteca cá da zona e trazê-los para casa por curiosidade, ou por ler e-books piratas. No entanto, é raro, muito raro, isso acontecer.
Os livros que leio espelham a minha personalidade. Não há realmente um ponto em comum entre todos eles. Ultimamente, a lista tem igualmente dependido das leituras obrigatórias para a faculdade, mas por norma aprecio-as como se tivesse sido eu a escolhê-las. Pelo menos, tenho uma desculpa para os arranjar, para os comprar ou requisitar e conhecer.
Não me admira nada que outras pessoas não conheçam a maioria do que leio, ou que simplesmente não se interessem por tal selecção. Admito que tenho gostos muito esquisitos, que nem sei a quantas ando, quanto mais o que se anda a ler no ano de 2013 ou 2014. Por isso, de mim para mim, e de mim para vocês, tenho de concluir que este blogue nem sempre pode oferecer respostas acerca dos livros "da moda". Este é um blogue sobre livros, uns quaisquer, aqueles com que eu engraço e a que dou uma hipótese. Mais do que isso não consigo prometer.
Há uns tempos, tinha-vos contado acerca de não ter resistido em encomendar os dois primeiros volumes da edição portuguesa d'A Guerra Dos Tronos, devido a uma promoção na montra online da editora Saída de Emergência. No entanto, em breve percebi, por imensos comentários no Facebook, que a tradução portuguesa não é a melhor e que, ainda por cima, cada livro original equivale a dois volumes portugueses - ou seja, estes dois livros que custariam 9,90€ são equivalentes ao primeiro livro em inglês que custa cerca de 8,90€ na Fnac.
Dito isto, acabei por cancelar a encomenda e, como não me convém estar agora a comprar outros livros - porque já me chega a quota parte da faculdade, principalmente nestas primeiras semanas de aulas -, tenho lido A Guerra dos Tronos no tablet, depois de descarregar o ficheiro do e-book... pirateado. Mas é por uma boa causa, porque estou a gostar bastante! São imeeeensas páginas, 1200 na versão digital, sendo que ainda vou 30%. Tão cedo também não o devo terminar. Talvez nas férias do Natal!
No fim-de-semana passado, acabei por ir mesmo ver a última adaptação para filme d'Os Maias (numa das únicas duas salas de cinema na Margem Sul em que se deram ao trabalho de o colocar em exibição), mas ainda não tive tempo de me alongar mais acerca do assunto. No Facebook, revelei apenas que a minha avaliação seria um 6,5 em 10 e fiquei-me por aí.
No entanto, aqui vai a justificação desse rating.
Em quase todo o filme, notou-se que se tratava de uma produção sem grandes orçamentos, apesar de ser apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo banco Montepio Geral. O primeiro aspecto que mais o deve demonstrar é o que uns podem interpretar como "forma de arte", ao utilizar cenários pintados como no teatro, em vez de se terem deslocado aos locais a que se refere o livro - o Douro, o Chiado, mansões antigas como as que Eça evoca... Enfim, a falta de financiamento foi um bocado evidente. Além disso, o posicionamento dos actores e a perspectiva da câmara revelava captações de teatro e não de cinema, o que comecei a achar um pouco descabido ao fim de algum tempo. Este foi, em geral, o comentário que mais ouvi os outros telespectadores dizerem no final do filme.
Quanto à qualidade dos actores, temos de tirar o chapéu a alguns deles, mas outros deixaram muito a desejar na dicção, nomeadamente o actor que desempenhava o papel de João da Ega (Pedro Inês).
Já o actor que fazia de Carlos da Maia (Graciano Dias) foi uma excelente escolha, com uma excelente caracterização facial e de figurino - foi um Carlos tal e qual como eu imaginei ao ler o livro. Quão admirados ficariam se vos dissesse que ele é o mesmíssimo actor que faz de Rolando na novela Beijo do Escorpião? Eu acabei de o descobrir e fiquei estupefacta!
Tive imensa pena que a Catarina Wallenstein - que encarnou a maldita Maria Monforte, mãe de Carlos e Maria Eduarda - não tivesse sido escolhida para um papel mais relevante e mais frequente no filme, porque é uma actriz fantástica e fez toda a diferença nos aproximadamente 10 minutos em que apareceu. O mesmo se aplica ao João Perry, isto é, ao avô extremoso Afonso da Maia.
De resto, o filme foi demasiado longo, com cenas desnecessárias e muuuuuuuito pouca acção. Podiam ter explorado melhor a banda sonora, quase inexistente, que sempre poderia dar um bocadinho de energia à acção. Ainda por cima, tanto por bons quanto, infelizmente, por maus motivos, o filme é bastante similar à narrativa do livro, exactamente com as mesmas conversas, com as mesmas hesitações, as mesmas preocupações do narrador em captar o ambiente demonstradas pela câmara... E um livro não é um filme, nem um filme é um livro.
Apesar de tudo, Os Maias - cenas da vida romântica é um bom filme. A parte menos positiva é que é um filme português e, por isso, faltou-lhe algum investimento em recursos para poder merecer mais do que 6,5 em 10 - uma pena!
Demorei o Verão inteiro a ler este livro, entre mil e um trabalhos e viagens, mas valeu a pena. Esta foi a minha opinião no Goodreads:
Li a edição francesa deste livro e fiquei bastante satisfeita com ela. O que mais me surpreendeu ao fim de algumas páginas foi a tradução (possivelmente) perfeita do Sueco para o Francês. Além duma mera tradução, encarei-a como uma verdadeira boa interpretação da língua em que o livro foi originalmente escrito (julgando pelas imeeeeensas expressões idiomáticas que praticamente me deram a impressão de que tinha sido o Francês a língua original).Quanto à história, é tão improvável e absurda que se torna cativante e, em todos os momentos, puro entretenimento, como um conto para crianças, sem travão na imaginação. Por isso, não a aconselho a pessoas demasiado sérias, que não gostem de "levantar os pés da terra".
Não é uma história que nos deixe a rir a bandeiras despregadas, mas leva-nos a estar permanentemente com um sorriso nos lábios enquanto lemos - diverte-nos!
Pergunto onde foi o autor buscar tanta criatividade para escrever um enredo tão rico, como "álibis" tão fora da caixa para tantas personagens! Não sei, mas adorei toda e qualquer uma, as suas peripécias, mostrando o seu lado mais vulnerável por trás da "fachada" criada por cada um - "e quem nunca pecou, que atire a primeira pedra"!
Este é também um óptimo resumo da História do século XX e devia ser lido na escola - digo eu.
Este livro é tão chocante que dói na alma, no coração, em todo o lado. Não é a leitura mais confortável para quem vive longe das drogas e da degradação urbana, num mundo sóbrio, e relativamente cor-de-rosa, ou quem evita, pelo menos, pensar numa realidade tão negra da sociedade.É quase macabro perceber-se que o relato de Christiane F. e o das outras testemunhas (como a sua mãe) não é fictício e que todas as situações descritas aconteceram mesmo, que as crianças e jovens adultos viciavam-se desde cedo em diversos tipos de drogas "pesadas".O relato pessoal de Christiane F. revela-a como uma rapariga curiosamente consciente de tudo o que fez, das consequências e do contexto social que a levou a tomar decisões menos acertadas. Só tive pena de que, no final, o seu relato terminasse antes de se perceber se se livrou definitivamente do vício (depois da leitura, acabei por obter essa informação na Internet).
Ontem foi o aniversário de um dos meus autores portugueses favoritos: José Luís Peixoto. 40 anos! Por isso, em jeito de celebração, apresentou a capa do seu novo livro e leu alguns excertos na Casa dos Bicos (Fundação Saramago) ontem à tarde, pelas 18h30. Tive imensa pena de não ter ido! Até porque já assisti a uma palestra dada por ele e mais dois autores e, sem dúvida, José Luís Peixoto é um grande nome da literatura portuguesa contemporânea, assim como é um orador humilde mas muito cativante. Quando o ouvimos, não estamos a ouvir um grande vulto com manias de estrela, com tiques e sensações de superioridade. Estamos só a ouvir aquela pessoa que, tal como demonstra nos seus livros, é um tipo porreiro, culto e que escreve muuuito bem.
A sério, quem me dera ter ido assistir a esta apresentação!