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Acabei ontem de ler o livro Diálogos com José Saramago, de Carlos Reis. Se alguma vez li uma transcrição de entreivsta deste tamanho, não me lembro, mas lá que foi uma grande entrevista, lá isso foi. Das 172 páginas do livro, a entrevista são para aí 150, mais introduções e coisas que tal. Comecei a lê-lo como apoio a um trabalho acerca do tema da disciplina de História, Memória e Literatura (cadeira para a qual também li A Capital!, se bem se lembram) e... de apoio passou a obra-chave a analisar, uma decisão tomada logo após algumas páginas lidas. História, memória e literatura são mesmo dos assuntos mais relevantes na entrevista.

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Desta vez, esmerei-me. Há muito tempo que não escrevia uma crítica tão longa, quanto a que escrevi agora, acerca de Diálogos com José Saramago. O Goodreads agradece!

Antes de mais nada, começo por referir que este livro só deve ser lido por quem já conheça algumas obras de Saramago e consiga compreendê-las e à intenção do autor ao escrevê-las. Caso contrário, as informações recolhidas por Carlos Reis nesta entrevista transcrita perdem a sua contextualização e valor literário/cultural.
De facto, se ainda restavam dúvidas acerca do quão brilhante era a mente de Saramago, a transcrição das suas palavras, neste volume guardadas, há-de as limpar (ou, pelo menos, dissipar).
Encontrei este livro, esquecido, na Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, poucos dias antes de ser, coincidentemente, reeditado ((enquanto fazia pesquisa para um trabalho, sem nada saber). Finalmente, após mais de 15 anos, o seu mérito foi relembrado. Percebe-se por que só o tenha sido agora. Vejamos...
A personalidade por Natureza inconformada de Saramago nem sempre agrada à maioria das pessoas, leitores ou não. Para muitos, Saramago terá sido um figura conflituosa (no mínimo, polémica). Ao expor, sem papas na língua, uma data de situações, políticas e até indivíduos, com cuja acção discordava, Saramago há-de se ter tornado ainda mais incómodo para a cena política, económica e social do país do que já era. Os seus comentários são bastante mordazes e assertivos, e o que, por um lado, me agrada tanto na sua faceta pessoal, como também de escritor, a outros há-de causar mau-estar. Ou se adora, ou se detesta Saramago.
De resto, não podia ter pedido melhor elucidação sobre a obra do autor e a sua abordagem aos diversos temas nela tratados. Só tenho pena que, devido à sua data de publicação ser 1998, esta entrevista não contemple também os últimos livros escritos/lançados, nos anos 2000. O entrevistador coloca questões pertinentes, ora a partir de um ponto de vista leigo, ora de um mais académico, mas a conversa nunca perde nem interesse, nem coerência. São perguntas que, penso, todos os leitores de Saramago também gostariam de ver respondidas. Quanto às respostas, como referi, demonstram o génio saramaguiano. Muitas delas revelam muita sabedoria e reflexão acerca dos assuntos.
Dito isto, as 5 estrelas deveriam passar a 6... e mais houvesse, que eu as atribuiria a este livro.

 

Por favor, leiam este livro. Que diálogos tão bons!

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Digam olá à minha nova estante!

por BeatrizCM, em 19.04.15

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Finalmente, uma nova estante Billy, do Ikea, igual à que eu já tinha há uma catrefada de anos, mas com metade da altura (106x80x28cm), uma vez que o meu quarto fica no sótão e, por isso, o tecto é muito baixo nalgumas zonas. É o que me basta, por agora e durante mais alguns anos, a menos que me ponha a comprar mais livros a torto e a direito (o que não deixa de ser provável de acontecer). Cheguei a um ponto onde já não tenho MESMO mais parede para pôr móveis nem nada que o valha. Tenho o quarto cheio, no ponto. 

Comprei esta estante a partir de um dos grupos de Facebook de compra e venda de produtos do Ikea em segunda mão. Foi um desespero, temia que, um dia, a minha outra Billy de 202cm me desabasse em cima durante a noite, tal era o peso.

Na loja do Ikea, a estante Billy de 106cm custa 35€, enquanto eu a comprei por 20€, impecável e já montada. A senhora que ma vendeu era muito simpática e, por acaso, é daqui da minha zona, pelo que ficou toda a gente satisfeita. Apenas a última prateleira está mal montada, mas só a cor da superfície é que muda.

Consegui arranjar algum dinheiro para comprar uma estante, porque comecei a vender alguns dos meus livros, com os quais simpatizo menos. Se estiverem interessados em ver quais são, deixo-vos o link do OLX: http://www.olx.pt/userlistings/7706289.

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20€ na carteira. E 20€ em novos livros.

 

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Últimas leituras - "A Capital!"

por BeatrizCM, em 06.04.15

Ainda na onda de querer ler o máximo de livros possível em português, evitando as línguas estrangeiras, a minha última leitura foi o romance inacabado de Eça de Queirós, A Capital!. Não faz parte da lista dos livros mais conhecidos do autor do fim do século XIX, mas, para mim, foi aquele de que mais gostei, em comparação a'Os Maias e A Cidade e as Serras. Considero esta leitura meio recreativa, meio escolar, uma vez que é uma das obras analisadas na cadeira de História, Memória e Literatura, que estou a ter este semestre.

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O melhor é mesmo deixar-vos com a minha opinião completa acerca deste livro!

Eça escrevia muito e bem. Mesmo repetindo recorrentemente certas palavras e expressões, a variedade e riqueza do seu vocabulário são notáveis. Além disso, A Capital! tem uma história que me cativou desde o início, cujas personagens "tipo" da contemporaneidade de Eça me despoletaram emoções e reacções, a favor ou contra o seu comportamento ou personalidade, do princípio ao fim.
O protagonista, Artur, deve ser destacado. A sua evolução (ou involução) pessoal e social encontra-se tão bem descrita, tão bem caracterizada, que tive uma vontade permanente de entrar no seu universo e de lhe dar duas bofetadas. De facto, tanto na caracterização de Artur, quanto na das outras personagens, Eça foi perito em criar aspectos únicos que despoletaram em mim irritações e interesse curioso constantes - ou seja, o que se pretende num livro. E a aura deste é quase cómica, caricatural.
Do que já li de Eça de Queirós, nunca gostei tanto de uma obra como gosta do livro A Capital!. Tem drama, comédia, suspense, um retrato histórico fiel q. b., personagens de quem gostamos - mas em quem queremos bater -, personagens que repugnam...
Só tenho imensa pena que este romance não tenha sido terminado pelo autor.

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Últimas leituras - "Nenhum Olhar"

por BeatrizCM, em 04.04.15

Tenho andado com sede de literatura portuguesa. Ando com os olhos em bico de tanto inglês nas fotocópias e nos livros de estudo para a faculdade, tenho saudades do carinho do português e das palavras que melhor reconheço, em que me expresso e que entendo melhor.

Por isso, nada melhor do que me aventurar por mais um livro do meu autor português favorito, José Luís Peixoto, com Nenhum Olhar. Lia-o de vez em quando, mas acabei por terminar as últimas páginas mais depressa do que pensava.

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Eis a minha crítica a Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto, no Goodreads:

Este talvez seja o livro, a história, mais triste que li desde há muito tempo. Não me refiro apenas ao enredo, mas também ao tom narrativo arrastado, sofredor.
Não gostei particularmente do início do livro. Não acho que a linguagem utilizada ou o enredo sejam excepcionais, ao contrário do que acontece nos restantes livros de José Luís Peixoto. Nem sequer encontrei nenhum elemento de surpresa.
Entre o fim do Livro I e o início do Livro II, senti-me mais entusiasmada. Finalmente, começaram a aparecer novas personagens, caricatas na sua maioria, que enriqueceram bastante a narrativa.
Quanto ao final, esperava qualquer coisa mais complexa ou, pelo menos, consoladora. À parte a tristeza e melancolia que já acompanham o leitor desde o princípio, ainda se fica mais infelizes por não se conhecer o desfecho para algumas das personagens ou por se assistir a tanta desgraça.
Por isso, atribuo 4 estrelas, tentando não baixar para 3, tendo em mente a construção psicológica das personagens e a audácia de JLP para as ter criado tão diferentes das personagens de outros livros seus (mas tão iguais ao indivíduo comum, qualquer um de nós).
Percebo por que ganhou o Prémio Saramago: Nenhum Olhar tem uma história "fora da caixa".

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Últimas leituras - "A Ideia de Europa"

por BeatrizCM, em 03.04.15

O livro que vos apresento já de seguida é pequeno, leve, fácil de ler e invulgar. É uma espécie de tratado acerca da cultura europeia. Esse livro é A Ideia de Europa, de George Steiner - uma excelente leitura para todos aqueles que têm uma hora livre que pretendem que seja produtiva, quer estudem Letras, quer não.

Requisitei este volume na Biblioteca da FLUL.

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A minha crítica no Goodreads ao livro A Ideia de Europa, de George Steiner, a que atribuí 5 estrelas:

Li este livro devido à recomendação de uma professora da faculdade e ainda bem que o fiz. Apenas em 25 páginas (as primeiras 30 são constituídas pelo prefácio e por outra espécie de introdução escrita por Rob Riemen), Steiner adianta cinco aspectos que tornam a Europa um todo-num-só, uma unidade cultural. Não vou revelar aqui esses cinco aspectos, mas devo dizer que nunca tinha pensado no quão inéditos são neste continente, enquanto noutros não se verifica a existência de tais fenómenos culturais.
Tal como outros leitores já afirmaram [aqui no Goodreads], Steiner também parece defender uma ideia utópica acerca do futuro da Europa. Sou da opinião de que toma uma posição demasiado optimista e unificadora, por não serem considerados aspectos do foro político a par dos culturais.
Seja como for, A Ideia de Europa é um óptimo ensaio, um ponto de partida para a reflexão e consciencialização acerca de alguns pilares fundacionais da Europa enquanto comunidade, enquanto União Europeia.

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