Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ter uma cara-metade que gosta de ler enche-me o coração. E enche-me a mente, esta mente sequiosa de conhecimento e novos horizontes - nem que os alcance via relatos alheios.
Quando começámos a namorar, ele não era de leituras. Dizia que era possível aceder à mesma informação via filmes, documentários, material audiovisual and so on. Dizia que era possível uma pessoa cultivar-se de igual forma sem pegar num livro.
Isto foi há três anos.
Hoje em dia, ele lê bastante e... com qualidade! Lê autores de todos os tempos, muita filosofia, muita política. Recentemente, começou a aventurar-se na ficção, depois de ter descoberto o prazer da leitura através da escrita ensaística.
Hoje em dia, já sabemos os dois que o discurso do livro é tão importante (ou mais, digo eu) quanto os outros todos. E o que me enche mesmo, meeesmo o coração, de forma absolutamente definitiva, é ter alguém que partilhe este gostinho comigo, que me recomende leituras e eu a ele. Que perceba o valor do conteúdo de um livro e que aprecie olenquanto objecto material (não apenas imaterial) de igual forma.
Amor, companheirismo e livros - uma combinação imbatível!
Parece que tenho umas preferências literárias esquizofrénicas. Diz a Sofia que a minha selecção não lembra ao diabo - salvo seja.
De facto, quando penso nos livros que tenho lido no último ano, não encontro muita coerência na lista. Não se pode dizer que eu aprecie mais um determinado género ou estilo de literatura que outros. Não consigo estabelecer um padrão relacionado com autores, épocas ou países. Ainda por cima, sinto uma espécie de aversão aos tops e aos best-sellers, aos prémios de X e Y, aos destaques e às campanhas de marketing.
Em geral, acho que me limito a pegar nos livros, a ler umas páginas e a avaliar de imediato se me oferecem uma leitura prazerosa ou não. Também simpatizo com capas vistosas, títulos sintéticos (ou criados com inteligência) e preços reduzidos. Aprecio recomendações de amigos, família, professores, redes sociais e até do meu dentista e momentos de exploração nas bibliotecas e livrarias. Depois, em casa, logo se vê. Ultimamente, até tenho lido mais e-books.
Ah, e acabo por gostar tanto das bibliografias de certas disciplinas da faculdade que me dá vontade de ler os livros sugeridos - é o que dá estudar aquilo de que gosto.
Provavelmente, a minha dispersão de interesses na generalidade dos domínios do conhecimento também se estende às matérias de leitura.
Sendo a maior picuinhas no que toca a livros, ao mesmo tempo não sou nada esquisita a apostar em novas aventuras.
Deixo-vos o link para o meu desafio anual do Goodreads, a partir do qual conseguirão entender as circunstâncias de que vos falo.
No final de 2013, fui voluntária numa conferência da FLUL sobre o escritor e professor Salman Rushdie. Sem saber quem era o senhor, desatei a querer conhecer o motivo pelo qual o consideram uma figura tão polémica. Parece que escreveu o livro The Satanic Verses. Por outro lado, também é o autor de Midnight Children, e lembro-me de que, quando o filme saiu há uns anos, a notoriedade do professor Rushdie como que ressuscitou - desta vez, pelos melhores motivos.
Ainda assim, como vos dizia, depois dessa conferência em que fui voluntária, corri a comprar um livro de Salman Rushdie, fosse ele qual fosse. Acabei por trazer o mais baratinho que encontrei, Fúria, (mediocramente) traduzido pela Editora Dom Quixote.
Não o consegui ler logo nessa altura, mas quase dois anos depois voltei a ir buscá-lo à estante. Quando soube que talvez fosse uma das leituras obrigatórias para uma cadeira que ia ter este semestre, ainda com mais motivação me senti para levar a leitura de Fúria avante. No final, não era nada uma leitura a fazer para a faculdade, mas valeu pela tentativa.
E esta foi a minha crítica no Goodreads, acompahada de 3 estrelas na avaliação final:
Nunca li outro livro de Salman Rushdie, mas já calculo que este seja o seu pior.
A ideia inicial da história de Malik Solanka, a premissa que dá título ao livro e que se baseia nas Eríneas da Oresteia é promissora. No entanto, esta "fúria" de Solanka e da sociedade que critica também resulta numa certa desordem do próprio enredo.
O que se adivinhava um romance inflamado acerca do virar do século em breve se mostra uma manta de retalhos caótica. Estes retalhos são a vida de cada uma das personagens que cruza o caminho do professor Solanka, assim como também são pedaços da sua vida, revista constantemente sob um escrutínio milimétrico e rígido - mais uma vez, caótico.
Não consigo atribuir menos de 3 estrelas a "Fúria", pois as críticas levadas a cabo por Salman Rushdie acerca da contemporaneidade e a premissa inicial do romance são geniais. Por outro lado, não consigo atribuir mais que essas 3 estrelas devido à falta de linearidade e organização na narrativa.
Que vergonha! Estou cinco livros atrasada nesta rúbrica... cinco!
A ver se recupero desta desfaçatez de vos deixar tanto tempo à espera da vossa próxima leitura favorita.
Entretanto, o regresso à faculdade e a Lisboa convidou a alguns primeiros dias menos atarefados, o que significa que tive tempo de andar a rondar as Fnac. Acontece que me surgiu uma enorme vontade de começar a ler todos os "grandes" do século XIX e XX, que terá iniciado com Eça de Queirós, por isso passou subitamente a apetecer-me ler o raio d'A Metamorfose, que é tão pequenina e apetecível que não havia mesmo desculpas que me valessem para continuar "kafkignorante".
Não tenho nenhuma foto personalizada do livro, porque o li por completo na Fnac, sentada ora nos sofás, ora no café - e, na verdade, comecei a ler uma outra edição de uma editora cujo nome não me recordo, apesar de ter acabado a ler esta que vos apresento, da Relógio d'Água (salvo erro). No final, esqueci-me do recuerdo fotográfico.
Sem mais demoras, voilà a minha curta crítica ao curto livro de Franz Kafka A Metamorfose, publicado pela primeira vez em 1915 (há precisamente 100 anos!!!). 3 estrelas foi a minha decisão quantitativa final.
A minha opinião sobre este livro não é 100% segura - estou indecisa sobre se gostei de ler A Metaforfose de Kafka ou se, pelo contrário, desgostei.
A verdade é que só não o li de rajada porque não calhou, mas, ainda que a fluidez da escrita e a capacidade de descrição sejam fantásticas e me tenham realmente envolvido no drama de Gregor, não encontrei nenhum significado relevante na história. O facto de ser um conto relativamente pequeno também faz d'A Metamorfose uma história fácil de ler, só que sempre limitada à sua extensão. Obviamente, a falha de compreensão também poderá ser minha.
Uma vez que ainda não consigo perceber se gostei ou não d'A Metamorfose, sinto que tenho de dar mais oportunidades a Kafka e esforçar-me-ei por procurar um sentido para a minha apatia, ou acabar de vez com ela. Terei de ler mais obras do autor.
Um dos meus not-so-guilty pleasures é sentar-me nas livrarias a ler os livros que lá têm, preferencialmente na Fnac, por ser maior e não dar tanto nas vistas ficar lá a fazer sala sem comprar nada nem consumir no café.
A verdade é que o facto de o meu pai ser especialista em livros, aka bibliógrafo de profissão e também um dos maiores bibliófilos que conheço, me transformou numa pequena forreta de segunda geração no que toca à compra dos nossos amigos. Dar 15€ por um livro novo? Vade retro! Pelo menos, até gastar tal quantia num livro, tenho de analisar o caso de forma muito profunda e ponderada. E por isso é que também tenho uma terrível queda por pechinchas (que nem por isso me sai menos cara). Fui educada para o valor real dos livros e, quando pago mais de 10€ por um, é na maioria das vezes porque sei que vale a pena (financeira e/ou emocionalmente).
Assim, resta-me comprá-los em segunda mão. Para quê pagar mais, o dobro ou o triplo, só pelo fetiche de comprar um livro novo, quando posso ir ao OLX, ao Coisas.com ou a qualquer grupo de venda de livros no Facebook e comprar as mesmas edições, novinhas em capa e folha, por um valor mais baixo? É que eu não gosto nada de livros em segunda mão com pó, folhas rasgadas, capas minimamente danificadas ou qualquer indício de utilização descuidada ou já demasiado prolongada - mas verdade seja dita que há livros que se encontram imaculados através dessas formas de compra que acabei de mencionar.
No entanto, como boa forreta literária que sou (e também estudante universitária com orçamento menos flexível para extravagâncias), adoro vaguear pela Fnac e fingir que um dia vou pegar nos livros todos que vir à frente, forretices à parte. E por vezes, como anteontem, pego mesmo.
Fiz as contas e estes 5 livros ficar-me-iam todos pela módica quantia de 91€. Pouquinho, hein?
Já agora, menina da Fnac do Chiado que ainda se foi a rir para a colega da minha suposta "figura" a fazer equilibrismo com 10 livros nos braços: não, eu não queria um cesto, por que não me deixou em paz? Se a menina não tem gosto pelos livros/material tecnológico/música, sensibilidade nem ética suficiente para com os clientes para os deixar levar a cabo as suas extravagâncias sem fazer pouco deles ou mandar (in)directas menos agradáveis, procure um emprego noutro ramo. De facto, não parece ter sido feita para lidar com a venda ao público.