Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comecei a ler The Giver com a intenção de experimentar o conforto da leitura nas aplicações do tablet que comprara recentemente. Também já tinha feito o download do quarteto homónimo, ou seja, tanto The Giver quanto os restantes três livros que se agrupam com ele numa colecção, por isso até me sentia curiosa e tentada. O bichinho que o filme me deixara uns meses antes dava cada vez mais sinal da sua presença - será que me iria desiludir?; será que o livro se revelaria ainda melhor do que a adaptação? Só me faltava arranjar uma desculpa para o descobrir. E arranjei.
No Goodreads, dei 4 estrelas ao primeiro livro do quarteto The Giver. Fiquei com a impressão de que, decididamente, Lois Lowry é uma escritora cheia de talento e visão, o que falta bastante no mercado infanto-juvenil (já chega de vampiros, não é?)
Adorei o início da história, graças às premissas da fundação da sociedade onde vive Jonas, o protagonista: as regras, a ausência de espírito crítico, a ausência de emoções fortes, a precisão de linguagem, a atribuição de tarefas e de empregos, a interacção entre cidadãos, o sistema educativo, a constituição de unidades familiares, o nascimento e a "libertação" dos indivíduos.
Apesar de ser notório que este é um romance de ficção científica/distópico criado essencialmente para um público de leitores mais jovens, é daquelas histórias com que qualquer leitor se conseguirá familiarizar e que poderá apreciar.
Há todo um caminho de descoberta a ser percorrido ao longo das páginas. Rico em diálogos e pensamentos e disposições de Jonas, li The Giver com muita facilidade, rapidez e ansiedade em chegar ao próximo capítulo.
Rico feliz por este livro existir, para que leitores de uma faixa etária mais jovem sejam colocados a pensar sobre o funcionamento das sociedades numa tenra idade. Uma concepção de sociedade que possa parecer simplista para os leitores adultos é, na verdade, um início de reflexão indispensável para as crianças e adolescentes.
Acabei por não atribuir cinco estrelas ao livro, mas sim quatro, pois a qualidade do enredo foi diminuindo a partir do meio da história, piorando gradualmente até ao final. No entanto, considero que seja provável que está opinião seja estritamente minha, não partilhada por outros leitores. Eu é que fiquei surpreendentemente desiludida com o desfecho apressado de The Giver. Pareceu-me que, de repente, a autora teve uma data de entrega do manuscrito para cumprir e que teve de o terminar rapidamente.
Além disso, deixa-me triste que o destino de Jonas em Elsewhere não seja aprofundada.
Já agora, não esperem que o livro seja estritamente parecido ao filme. Há muitas diferenças entre o original e a adaptação subsequente que modificam radicalmente a história.
No início do ano lectivo, durante a transição entre as férias e o trabalho árduo, uma leitura levezinha e curta cai que nem um cachecol em dias de vento: é necessária. Assim o fiz! Já tinha este livro há tanto tempo na estante que, coitadinho, já merecia uma atenção. Além disso, era um crime que eu nunca tivesse lido nada escrito por Gabriel García Márquez - mesmo depois de ler Ninguém Escreve ao Coronel, ainda sinto que preciso de ler alguma das suas grandes obras!
Atribuí 4 estrelas a Ninguém Escreve ao Coronel e a minha crítica no Goodreads foi:
Surpreendi-me com este conto. Não sei se pela negativa, se pela positiva, mas não esperava que um galo se encontrasse no meio da trama, assumindo tamanha importância, tamanha centralidade (nota-se que não li nenhuma sinopse previamente).
Também me surpreendi com a simplicidade da escrita e criação de García Márquez: parágrafos curtos, diálogos q.b., poucas personagens, pouca evolução física, espacial e temporal. Nota-se apenas uma valorização do ambiente psicológico, por insistência na disposição dos protagonistas (fome, desespero, impaciência, frustração, impotência).
É de valorizar igualmente a contradição entre a presença do galo de combate, que se revela um factor de tensão, e o que o animal simboliza - boa sorte, esperança, segurança, No entanto, confirmam-se outros significados que são transversais à história, como a coragem.
Gostei bastante do final, sintético, mas impactante,também ele em sintonia com a simplicidade de todo o enredo.