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Ter uma cara-metade que gosta de ler enche-me o coração. E enche-me a mente, esta mente sequiosa de conhecimento e novos horizontes - nem que os alcance via relatos alheios.
Quando começámos a namorar, ele não era de leituras. Dizia que era possível aceder à mesma informação via filmes, documentários, material audiovisual and so on. Dizia que era possível uma pessoa cultivar-se de igual forma sem pegar num livro.
Isto foi há três anos.
Hoje em dia, ele lê bastante e... com qualidade! Lê autores de todos os tempos, muita filosofia, muita política. Recentemente, começou a aventurar-se na ficção, depois de ter descoberto o prazer da leitura através da escrita ensaística.
Hoje em dia, já sabemos os dois que o discurso do livro é tão importante (ou mais, digo eu) quanto os outros todos. E o que me enche mesmo, meeesmo o coração, de forma absolutamente definitiva, é ter alguém que partilhe este gostinho comigo, que me recomende leituras e eu a ele. Que perceba o valor do conteúdo de um livro e que aprecie olenquanto objecto material (não apenas imaterial) de igual forma.
Amor, companheirismo e livros - uma combinação imbatível!
A Feira do Livro de Lisboa já começou na quinta-feira e eu não quis perder mais tempo - visitei-a logo na primeira tarde, com o meu mais-que-tudo fofinho, que também procurava um livro em particular.
Qual não é o meu espanto, quando começo a visitar os stands independentes e os do grupo Leya, na parte direita do Parque Eduardo VII (da perspectiva de quem sobe) e me apercebo de que os preços "de feira" são absolutamente ridículos. Nem os livros do dia se escapavam, eram todos caríssimos! O resto variava tudo entre os 10€ e os 15€, como se descontos de 1€ ou 2€ fossem relevantes na decisão de comprar livros neste evento tão especial (que começa a dar ares de ter só nome e estatuto), quando podemos esperar pelos descontos bombáticos no site da Fnac ou em qualquer época de saldos das livrarias.
Em suma, o lado direito da feira é um no-no, no que toca a preços. Até os alfarrabistas estavam super careiros!
Passando para o lado esquerdo, a coisa ficou um bocadinho mais animada. O stand da Relógio D'Água tem preços muito bons, entre os 2€ e os 7,5€, o que, tendo em conta a qualidade dos livros que publicam - tanto em matéria autores portugueses, quanto em traduções - só apresenta vantagens. Também os stands do grupo Porto Editora têm alguns livros com promoções aceitáveis, mas, ainda assim, penso que devemos ser mais pacientes e aproveitar a Hora H, das 22h à meia-noite, de segunda a quinta-feira, pois nessa altura haverá livros com 50% e 70% de desconto. Aliás, comprei bastantes livros assim, na Feira do Livro de Lisboa em 2014, a preços de fazer cair o queixo.
Seja como for, não gostei muito da Feira do Livro de Lisboa deste ano. Parece que a feira já não é realmente sobre livros, mas sim uma oportunidade para vender tantos outros produtos não directamente relacionados, como quinquilharias caríssimas para os miúdos, e também vi uma barraquinha do McDonald's (não sei bem com que finalidade, mas não vi livros por perto) e barraquinhas várias de comes-e-bebes em número demasiado elevado, com preços igualmente inflacionados, barraquinhas gourmet... Um pãozinho shoarma a 4,50€? Credos. Salvem-se, pelo menos, as farturas, que acho que já fazem parte do cenário tradicional e que continuam a ser o lanchinho mais barato. Ou seja, todo este aparato é mesmo para explorar o pessoal até à última.
O que vale é que ir à Feira do Livro de Lisboa também serve para passear, para namorar, para apreciar a vista do rio, muuuuito lá em baixo, para apanhar um bocadão de sol, para descobrirmos alguns livros que provavelmente havemos de piratear em e-book a partir da Internet, para observarmos o comportamento das pessoas e dos vendedores que ainda sabem menos sobre as campanhas promocionais do que os próprios clientes... Salva-se sempre qualquer coisa, numa situação menos positiva.
Escusado será dizer que saímos de lá sem ter comprado nenhum livro. Saímos de mãos e corações vazios.
***
No ano passado, a "minha" Feira do Livro de Lisboa em 2014 foi assim. E assim.
Primeiro livro totalmente lido em 2015: check!
Continuei na onda "C. S. Lewis", em continuidade com 2014, mas talvez este seja agora o último livro que hei-de ler do mesmo autor antes de acabar outros que, entretanto, já iniciei no novo ano. The Four Loves é um livro pequenino de ensaios, dividido em 6 capítulos, mas não se deixem enganar pelo tamanho (128 páginas nesta edição em inglês), pois tem muito conteúdo para ser assimilado. Por isso, são capazes de ter de folgar três tardes inteiras até o acabarem, para o ler devidamente, com atenção, e apreciar a genialidade da escrita e da opinião de Lewis.
Para variar, segue-se a minha crítica no Goodreads:
À medida que fui lendo The Four Loves, tentei ir anotando num caderno todas as passagens que achava interessantes e dignas de serem destacadas. Por isso, logo nas primeiras páginas, tive de começar a conter-me e pensar que não podia copiar todo o livro, que para isso comprava um exemplar para mim (aquele que li pertence a uma professora). Esta situação representa o quão adorei ler The Four Loves, o quão quente me deixou o coração e a alma, o quão verbalizou muitas das opiniões que partilho com C. S. Lewis, mas que nunca conseguiram ser exprimidas por mim, pelo menos de um modo tão claro. As definições de amizade, amor romântico, afeição/carinho e caridade/bondade não podiam ter sido melhor atribuídas do que por este escritor e pensador magnífico.
As referências a Jesus Cristo e à religião cristã são frequentes, mas qualquer pessoa consegue ler este livro e identificar-se com o que Lewis defende, seja qual for a sua crença ou mesmo que seja ateia ou agnóstica. Afinal, a base cultural ocidental reside, em grande parte, no cristianismo, partilhando-se valores que são inerentes à nossa educação e instrução, mesmo que seculares.
Só o último capítulo, Charity, me pareceu um pouco confuso, talvez pelas suas muitas referências a Deus, à comparação do Seu amor com o amor humano e à transcendência depois da morte. Acabei por não me identificar tanto com estes temas.
"O problema não és tu, sou eu" deve ser uma das frases mais odiadas de sempre em português, provavelmente a seguir de "isto não é o que parece". Nem sei se também será utilizada noutras línguas (the problem is not you, it's me? le problème n'est pas tu, c'est moi?). Aposto que, se eu tivesse de acabar com alguém, essas seriam tal e qual as minhas palavras, a minha derradeira desculpa. Afinal, sou humana. E portuguesa.
Por isso, não é de admirar que O Problema Não És Tu, Sou Eu tenha sido o título escolhido pela Ana Garcia Martins, aka Pipoca Mais Doce, para o seu último livro lançado ontem à tarde.
Vou-vos contar a história de como o li: tinha a ideia de ir à apresentação, na Fnac dos Armazéns do Chiado, mas reservei um par de horas antes para o poder ir ler, já que as minhas finanças pessoais andam pela rua da amargura (as always) e presentemente não me dá muito jeito andar a dar 15€ por um livro como se não fosse nada de importante. Afinal, acabei por ler todo o livro em duas horas, sentadinha no café da Fnac, num dos bancos à janela, com luz lisboeta natural a iluminar-me a leitura. Depois de um dia cansativo, soube-me que nem ginjas!
Bem, mas passando à crítica do dito livro.
Já estou mais do que habituada à escrita descontraída da Pipoca, principalmente porque adoro as crónicas do blogue. É uma escrita que, não sendo o suprassumo da arte, faz bem à alma. Com o livro O Problema Não És Tu, Sou Eu, senti-me tal e qual assim, satisfeita e feliz. É uma leitura fácil, demora só um parzinho de horas, mas que par de horas é, muito anti-stressante. Decerto não merece um Nobel, mas não deixa de merecer o carinho dos leitores. E deixou-me com aquela sensação de que, se eu tivesse que escrever um livro, este estaria na lista dos candidatos - quem me dera ter sido eu!
Misturando um pouco de experiência pessoal com experiências alheias e uma pitada de lugares-comuns, a Ana Garcia Martins explora algumas questões do quotidiano das relações dos vinte em diante. No entanto, eu ainda não tenho vinte anos, tenho uma relação estáapvel e fofinha há dois e, por isso, encarei os seus conselhos como óbvios, algo que já toda a gente devia saber pelo menos aos 25. No entanto, não me posso esquecer que há por aí boas pessoas que batem muito com a cabeça numa combinação de falta de sorte e de inabilidade para manter relações. Dito isto, essas pessoas deviam mesmo, mesmo, mesmo ler o livro da Pipoca/Ana e aprender umas quantas coisas, coisas que a própria Ana só tem aprendido de há uns anos para cá, já agora. Um bocadinho de educação emocional nunca fez mal a ninguém, ainda que plena de clichés e com um ou outro tema mais repetido, como neste livro.
De resto, a Ana sabe mesmo escrever, sabe onde pôr as vírgulas e só por causa disso já tem o meu respeito. A edição está fenomenal, não há gralhas na revisão, as ilustrações são engraçadas e pronto, vão ler O Problema Não És Tu, Sou Eu e ser felizes (ou aprender a sê-lo, em todo o caso)!!!
John Green não deve ser o maior escritor de todos os tempos, mas é, sem dúvida, um óptimo contador de histórias, a julgar por este The Fault in Our Stars. Não sei se será assim, como descrito, que se desenrola o quotidiano de adolescentes com doenças oncológicas, mas passei a saber, mais do que nunca, que não quero saber. Entenderam?
Ler este livro é uma experiência emocional de partir o coração, tanto rindo quanto chorando, e conseguimos realmente criar empatia como todas as personagens. Não há antagonistas nesta história, apenas um inimigo invisível mas devastador chamado cancro.
Não é o meu livro preferido, mas gostei imenso de o ler. Pôs-me a pensar em todas as pessoas de quem eu gosto e que não gostaria de perder, fez-me reflectir acerca do "great love of my life" (cf. versão original) e no quão garantidas as tomamos na maioria do tempo que passamos com elas.
Em suma, livros sobre temas tristes não são o meu forte, mas este leu-se bem e serviu para me inteirar de toda a sorte que tenho por ter saúde, amor, família e amigos que, por seu turno, também não têm um prazo de validade - não são "granadas".
Já todo o mundo adolescente e não adolescente tinha lido este livro, The Fault in Our Stars (em português, A Culpa é das Estrelas), e eu ainda não. Proporcionou-se a oportunidade depois de adquirir a tablete, pois a única versão a que tinha acesso era em livro digital - e eu detesto ler no computador!
Todos os dias tenho lido um bocado, comecei na quinta-feira, e só estou a demorar mais tempo porque não tenho tido mais disponibilidade. Já vou quase no final e está a ser emocionante. Hoje devo acabá-lo, sem dúvida.
É um daqueles livros que pensamos que vai ser uma coisa e, afinal, é outra. Digo isto porque há muito tempo que não leio nada de lamechas, porque deixei de gostar de histórias lamechas, em geral. Talvez porque a minha vida se tornou imensamente lamechas, a ficção lamechas tem-me desapontado, por eu agora saber que a lamechice é bem melhor na realidade. Porém, de vez em quando, há que conhecer outros tipos de lamechice, outro tipo de enredos foleiros que encerram mensagens preciosas e nos mostram outra perspectiva do mundo, aquela que o autor quer legar-nos. Entendem?
Felizmente, nunca conheci ninguém com cancro e muito menos estive perto de saber o que é ser-se doente oncológico ou ser-se próximo de um. Felizmente, felizmente, FELIZMENTE! Acho que sou inacreditavelmente abençoada por isso. Deve ser uma sensação terrível, estar-se perto de uma "granada" ou ser-se uma. Ter-se uma vida pela frente e, um dia, descobrir-se a violenta efemeridade da existência. Ninguém o deveria desejar a ninguém, nem ao seu mais temível inimigo.
Mas, desenganem-se, este não é um livro sobre cancro. O que ele tem de mais valioso é ser acerca de adolescentes com cancro, mas que aspiram a muito mais do que a ser apenas mais uns adolescentes com cancro. E, acima de tudo, é sobre o amor.
Assim, vale a pena lê-lo.
Ainda não chorei uma única vez, mas tenho ficado algo impressionada nalgumas partes, enquanto outras já me fizeram rir bastante.
***
ADENDA: lembrei-me de que conheci uma pessoa, já adulta, com cancro, mas não contactei com ela enquanto esteve doente, é verdade.
Título: Será que as mulheres ainda acreditam em príncipes encantados?
Autor: Rodrigo Moita de Deus
Ano: 2001
Este livro deixou-me dividida, pendendo mais para o lado mau do que para o bom, infelizmente. Quando lhe peguei pela primeira vez, pensei que íamos tornar-nos muito amigos. Apesar de eu saber que este não seria, decerto, o próximo candidato ao Nobel, nunca achei que me viesse a desiludir tanto. Enganei-me.
As primeiras páginas e, até, os primeitos capítulos foram bastante agradáveis e fizeram-me rir agarrada à barriga. Nessa fase de enamoramento, deleitei-me com um sarcasmo um tanto ou quanto tonto, cheio de despretensão e boas vibrações da parte do autor.
O pior aconteceu algures a meio da leitura, quando esse autor jovial e divertido se tornou num homem arrogante e presunçoso, cheio de manhas e tiques de tiozoco novo-rico dali de Cascais, 'tão a ver, q'ridos? Nem sequer cheguei a perceber qual a sua opinião acerca das mulheres - se são umas grandes cabras ou se são todas a nova reencarnação da virgem Maria (sem a parte da virgem, vá).
Em geral, o livro é muito confuso. O autor propõe-se a falar sobre as mulheres, não só no título como também através da introdução, mas, volta e meia, põe-se a divagar sobre o ser humano e sobre as manias dos homens, e como seduzir num encontro, entre outros conselhos que não se entende a quem são dirigidos, se ao sexo masculino, se ao feminino, nem qual o contexto em que deveremos colocá-los dentro do livro. Alguns temas chegam a ser tratados mais do que uma vez, expondo as mesmíssimas ideias discutidas vinte páginas atrás, com as mesmas piadas e as mesmas palavras.
O panorama vai piorando em direcção ao fim, não se iludam como eu. Este não é um tratado sobre psicologia feminina (afinal, po que percebe um pseudo-gestor de marketing de 23 anos, cujo apelido é "Moita de Deus" e que trata as namoradas por "você" acerca do assunto?).
De agora em diante, livros de psicologia... só lhes pego se forem escritos por verdadeiros psicólogos!