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Primeiro livro totalmente lido em 2015: check!
Continuei na onda "C. S. Lewis", em continuidade com 2014, mas talvez este seja agora o último livro que hei-de ler do mesmo autor antes de acabar outros que, entretanto, já iniciei no novo ano. The Four Loves é um livro pequenino de ensaios, dividido em 6 capítulos, mas não se deixem enganar pelo tamanho (128 páginas nesta edição em inglês), pois tem muito conteúdo para ser assimilado. Por isso, são capazes de ter de folgar três tardes inteiras até o acabarem, para o ler devidamente, com atenção, e apreciar a genialidade da escrita e da opinião de Lewis.
Para variar, segue-se a minha crítica no Goodreads:
À medida que fui lendo The Four Loves, tentei ir anotando num caderno todas as passagens que achava interessantes e dignas de serem destacadas. Por isso, logo nas primeiras páginas, tive de começar a conter-me e pensar que não podia copiar todo o livro, que para isso comprava um exemplar para mim (aquele que li pertence a uma professora). Esta situação representa o quão adorei ler The Four Loves, o quão quente me deixou o coração e a alma, o quão verbalizou muitas das opiniões que partilho com C. S. Lewis, mas que nunca conseguiram ser exprimidas por mim, pelo menos de um modo tão claro. As definições de amizade, amor romântico, afeição/carinho e caridade/bondade não podiam ter sido melhor atribuídas do que por este escritor e pensador magnífico.
As referências a Jesus Cristo e à religião cristã são frequentes, mas qualquer pessoa consegue ler este livro e identificar-se com o que Lewis defende, seja qual for a sua crença ou mesmo que seja ateia ou agnóstica. Afinal, a base cultural ocidental reside, em grande parte, no cristianismo, partilhando-se valores que são inerentes à nossa educação e instrução, mesmo que seculares.
Só o último capítulo, Charity, me pareceu um pouco confuso, talvez pelas suas muitas referências a Deus, à comparação do Seu amor com o amor humano e à transcendência depois da morte. Acabei por não me identificar tanto com estes temas.
Como cheguei a contar, estou a fazer um trabalho acerca d'As Crónicas de Nárnia e, por isso, andei à procura de algumas outras obras de C. S. Lewis para o completar. Felizmente, tenho a sorte de uma das minhas professoras ser uma grande admiradora e entusiasta do autor e ter-me emprestado para aí uns sete livros seus. Um deles foi este, A Experiência de Ler, que, apesar de não ter particularmente que ver com o tema que estou a tratar no trabalho, chamou-me a atenção e li-o na mesma, como leitura recreativa.
Adorei ler A Experiência de Ler (passe-se a expressão, não é?) e recomendo a todos aqueles que quiserem conhecer a opinião de um escritor de primeira categoria, admirado por esse mundo fora, acerca de livros, e mais livros, e mais livros - obras de todos os tempos, não só modernas. É uma colecção de ensaios muito bem articulados que, para os amantes de literatura e crítica literária, se torna imperdível.
Crítica que deixei no Goodreads:
Já me tinha colocado algumas questões acerca do que definirá boa e má literatura, bons e maus leitores. Ao ler este livro obtive algumas respostas a essas perguntas que tinha em mente e C. S. Lewis tornou-se quem mais me ajudou a arrumar as ideias. Não é que eu não tivesse já pensado nalgumas das definições e pensamentos que propõe acerca do assunto, mas clarificou-me e categorizou aquilo que me faltava categorizar, proporcionando-me uma experiência elucidativa como há algum tempo não tinha.
Recomendo a quem pretende saber mais acerca de crítica literária, conhecer mais autores - sugeridos por Lewis - e perceber melhor o que vai na cabeça de um escritor no seu papel enquanto leitor (bem, e um pouco enquanto escritor ele mesmo).
Desde os dez ou onze anos que adoro As Crónicas de Nárnia. Na altura, li apenas metade dos livros, um aqui e outro ali, sem ordem cronológica ou qualquer outra ordem. No entanto, no mês passado, li-os todos seguidinhos, no espaço de uma semana e meia. Surgiu a oportunidade de fazer um trabalho para a cadeira de Ficção Científica e Fantasia de Expressão Inglesa na faculdade e decidi explorar o mundo C. S. Lewisiano, não só as Crónicas, como também alguns outros livros de não-ficção do autor, que me ajudarão a fazer o trabalho. Ah, e outros guias, como o Companion to Narnia, mas deixarei essas aventuras para outro momento.
Agora, venho-vos apresentar as minhas críticas a todos os livros d'As Crónicas de Nárnia no Goodreads.
É impossível alguém não gostar deste primeiro livro das Crónicas de Nárnia, qualquer que seja a sua idade. É certo que quase todo o enredo faz referência a passagens da Bíblia, em particular ao Génesis, mas compreende-se que, enquanto escritor, C. S. Lewis não se pudesse abstrair completamente da sua fé. Seja como for, "O Sobrinho do Mágico" não deixa de ser uma narrativa agradável, mesmo que não se conheçam as Escrituras (como era o meu caso na primeira vez em que o li, já lá vão mais de seis anos) ou que não se seja cristão ou sequer religioso. Com este livro, são passados valores tão importantes quanto a amizade, a lealdade e a preserverança aos mais pequenos, enquanto os adultos podem reviver a inocência da infância, tão bem retratada pela escrita despretensiosa, mas bastante rica, de Lewis.
Além disso, quem não gostaria de saber como Nárnia nasceu, como começaram as viagens de humanos entre esse mundo e o nosso e, já agora, como é que os irmãos Pevensie conseguiram lá chegar no volume seguinte, "O Leão, o Feiticeiro e o Guarda-Roupa"?
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
Não gosto tanto deste segundo volume das Crónicas de Nárnia como gosto do primeiro, mas "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" não deixa de ter o seu encanto.
Anos depois de ter sido apenas Digory, "O Sobrinho do Mágico", voltamos a ver o (agora) professor Kirke, na sua grande casa de família, no campo, onde acolhe os 4 irmãos Pevensie. Para mim, este tipo de continuidade numa saga e todos os detalhes que estabelecem uma relação entre os diversos volumes é um dos melhores aspectos a ressalvar.
Como sempre, Lewis faz, muito subtilmente, a apologia de valores como a amizade, lealdade, justiça e - claro - da importância de um pouco de magia nas nossas vidas.
Não estava nada à espera de gostar tanto deste terceiro volume das Crónicas de Nárnia. Conta-nos a história de um rapaz chamado Xassta, do seu amigo cavalo Bri, da nobre Arávis e da égua Huin. O que antes me deixava mais reticente era pensar que não tinham uma relação tão directa com Nárnia quanto as restantes personagens da saga. No entanto, descobri que estava enganada, pois tanto os 4 protagonistas de "O Cavalo e o Seu Rapaz" quanto as descrições das paisagens do Sul (com inspiração árabe, imagino) contribuíram para enriquecer a ideia que já tinha do horizonte de Nárnia.
Adoro as Crónicas de Nárnia, mas penso que este seja um dos capítulos de que menos gosto. Apesar de se chamar "O Príncipe Caspian", este pouco protagonismo tem, em comparação aos reis Peter, Susan, Edmund e Lucy, excepto no início da história. No entanto, mesmo que, no final, valha 3.5 estrelas em 5, não deixa de ter o seu encanto e riqueza em termos de ensinamentos para a vida, ou não tivesse sido escrito por C. S. Lewis.
A Viagem do Caminheiro da Alvorada
Não sei até que ponto é que esta não passa somente de uma opinião pessoal, mas entendo "A Viagem do Caminheiro da Alvorada" como uma alegoria para uma viagem espiritual.Caspian procura consolo e redenção através da busca pelos companheiros desaparecidos do seu pai (todos eles, por sua vez, fizeram a mesma viagem, perecendo ou sobrevivendo consoante os seus valores morais); Eustace aprende a ser altruísta e a dar valor à amizade; Edmund e Lucy vivem a sua última aventura de criança, aprendendo e preparando-se para a vida adulta através dos seus erros e ao observarem os dos adultos; Ripitchip procura glória e calma felicidade.
Talvez um dos livros das Crónicas de Nárnia em que a metáfora é melhor conseguida.
História um pouco desapontante para quem procura mais aventuras alegóricas e moralmente edificantes. No entanto, não deixa de ter um bom enredo e de ser um bom conto.
Nunca gostei tão pouco de um final, em particular depois de uma saga tão rica e entusiasmante. Segundo um dos grandes amigos de Lewis, Tolkien, não deveríamos procurar um final feliz (eucatástrofe) nas histórias de fantasia? Quer dizer, "A Última Batalha" tem um final feliz, mas imensamente triste e pouco satisfatório para o leitor, ao mesmo tempo. Considero-o um final sem qualquer réstia de esperança e fé - infelizmente, apenas possíveis na morte ou num mundo paralelo.
E que melhor saga para ser lida durante as férias de Natal? Aproveitem e embarquem nas viagens imaginadas por C. S. Lewis! Não perquem tempo: um segundo na Terra pode corresponder a mil anos em Nárnia!