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Acabei de ler o livro "Galveias", de José Luís Peixoto! Já foi na terça-feira, mas só agora tive tempo de vir aqui deixar a minha crítica no Goodreads. Tem algumas repetições porque a escrevi logo duma ponta à outra, pouco depois de acabar a leitura. Não me alongo mais e aqui está ela:
Sempre que leio uma obra de JLP, fico a pensar no verdadeiro significado das suas palavras - não o literal, mas sim o metafórico, que sinto que deveria conseguir subentender de palavras tão simples, com raciocínios escondidos tão complexos. "Galveias" não foi excepção e deixou-me suspensa em reticências até, talvez, uma próxima leitura, mais esclarecedora. (Afinal, que cheiro a enxofre era aquele? Caiu mesmo um meteorito no campo?)
Esta é a história de uma Galveias ficcionada, suponho, ainda que inspirada nas suas personagens e espaços reais. Um dos aspectos que mais adoro nos romances de JLP é, sem dúvida, o regresso à ruralidade, às origens do autor e, por empréstimo, também um pouco minhas e de qualquer leitor que o deseje.
As paisagens literárias de JLP são sempre calmas, mas só de aparência. Psicologicamente, há sempre uma acção permanente, um enredo bastante rico em movimento e pensamento. Em "Galveias", uma aldeia em Portalegre, há pessoas que não param um segundo. Quem diria que haveria tanta agitação?
Cada capítulo é, mais do que isso, um conto - um relato acerca da vida de alguém. Há segredos, mágoas, sonhos, heranças materiais e imateriais de família... Em suma, tudo aquilo que é imprescindível a uma boa história colectiva.
E esta é uma história com um final nem feliz, nem triste. Tem somente um final pacífico, pois o mundo continua a girar, tal como Galveias no seu sítio. É igualmente um final metafórico, que me deixou em estado de hesitação e de meditação.
A encomenda foi expedida dia 10, sexta-feira, dia oficial de lançamento, por volta da 1h da manhã. Esperava-a há mais de duas semanas, queria ser das primeiras a pegar-lhe e lê-lo. Chegou menos de sete horas depois à Margem Sul, às 10h45 estava na minha casa. A minha avó não estava, seguiu de volta para o posto municipal dos CTT. Fiquei desconsolada e ela também, por achar que me desiludia.
Por isso, ontem, segunda-feira, mal o posto local abriu, lá fui eu, toda lufa-lufa para ir buscar o meu Galveias. Às 9h30 da manhã, ainda nem tinha chegado do posto municipal. Consegui-o antes das 10h. Abri o embrulho ainda no carro. O livro vinha com a capa lesada nalguns sítios, em frente e atrás. Fiquei triste, ainda pensei em ir ao Colombo trocá-lo, mas desisti. Imaginei a cara de quem me atenderia, a queixar-me da "porcaria" do livro com um ou dois probleminhas microscópicos na capa. Esqueci o assunto. Dificilmente alguém me entenderia e à minha fixação dos livros imaculados. Nem sequer era culpa do envelope almofadado, parecia apenas ter sido mal tratado por falta de cuidado no armazém.
Corri para casa, ou quis que o carro corresse. Li as primeiras páginas, mas adormeci com dores de cabeça. Depois de acordar, antes de almoço, estava melhor. Só parei de ler para comer e descansar uns minutos. Despachei mais de metade do livro em menos de dozes horas.
Hoje continuo a lê-lo e, provavelmente, ainda hei-de o acabar antes de amanhã raiar. Só me faltam 40 páginas.
Ontem foi o aniversário de um dos meus autores portugueses favoritos: José Luís Peixoto. 40 anos! Por isso, em jeito de celebração, apresentou a capa do seu novo livro e leu alguns excertos na Casa dos Bicos (Fundação Saramago) ontem à tarde, pelas 18h30. Tive imensa pena de não ter ido! Até porque já assisti a uma palestra dada por ele e mais dois autores e, sem dúvida, José Luís Peixoto é um grande nome da literatura portuguesa contemporânea, assim como é um orador humilde mas muito cativante. Quando o ouvimos, não estamos a ouvir um grande vulto com manias de estrela, com tiques e sensações de superioridade. Estamos só a ouvir aquela pessoa que, tal como demonstra nos seus livros, é um tipo porreiro, culto e que escreve muuuito bem.
A sério, quem me dera ter ido assistir a esta apresentação!