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Este é o terceiro livro no espaço de um mês que eu perdi enquanto jóia da infância. Só o li aos 20 anos, mas serviu na mesma enquanto leitura marcante, bonita e que me fez voltar a sonhar um bocadinho. Há anos que ouço falar do Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, mas nunca tive muita curiosidade, até que o encontrei na biblioteca da minha zona e cheguei à conclusão de que era uma história que me fazia falta conhecer.
O que acham da crítica que deixei no Goodreads ao Meu Pé de Laranja Lima? Dei-lhe 5 estrelas.
Que história tão triste, mas com uma aura de esperança tão grande, tão plena de sonhos e de carinho!
Adoro a linguagem regional que caracteriza a escrita de José Mauro de Vasconcelos, adoro a caracterização das personagens, as voltas e revoltas que a história leva, a dificuldade inicial em compreender esta narrativa cheia de complexidades da infância e da linguagem e da imaginação da infância.
Depois de ler a biografia do autor, fiquei muito feliz por perceber que, no fim de contas, o Zezé não se saiu nada mal na vida.
Bom livro para as crianças, mas aqui a adulta fica feliz por só agora o ter lido, compreendendo toda a obra.
Como é que eu fiquei taaaaaantos anos com este livro intocado na estante? Foi preciso uma amiga incitar-me e relembrar-me do valor que o público leitor dá a'O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado. É que eu já tenho este livro há quase 10 anos e nunca o li (antes, porque não gostava de ler outros tipos de português, nomeadamente o do Brasil; mais recentemente, por parvoíce). Ainda por cima, ele é tão curtinho que se lê numa hora ou duas... Felizmente, redimi-me aos 20 anos e esta foi a minha última leitura de 2015.
Vejam lá se concordam com a minha crítica no Goodreads!
Tenho este livro há tantos anos, mas parece que só agora o consegui compreender. Apesar de "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" ser uma história para crianças, escrita por Jorge Amado pelo primeiro aniversário do seu filho, a profundidade emocional e a riqueza textual só podem ser entendidas por adultos. Uma criança há-de gostar da história, há-de entender o enredo, mas não será capaz de aproveitar toda a obra e os seus significados (à semelhança d'"O Principezinho", por exemplo).
Como é que uma obra tão curta veicula tantas críticas ao mundo dos adultos, ao mundo humano, através de uma espécie de fábula dos tempos contemporâneos? O que mais lamento na história é o seu final tão triste, o que, por um lado, violenta a imaginação das crianças e o seu desejo por um final feliz e justo; por outro, será que lhes ensinará a viver numa sociedade e numa realidade em que nem sempre tudo se desenvolve ao nosso gosto? Então, só é pena ter ficado a ideia de um suicídio. Assim se justificam as 4 estrelas que atribuí a'"O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá".
At last but not the least, adorei as ilustrações do artista Carybé!
Como referi na última publicação sobre intenções de leitura, tenho tentado ler muitos dos livros que tenho "intocados" na estante, além de também fazer parte dos meus objectivos conhecer o maior número possível de clássicos da literatura portuguesa e inglesa (utopicamente, da literatura mundial).
Por isso, seguiu-se por ordem quase natural o livro Alice in Wonderland, ou Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.
Esta foi a crítica que deixei a Alice in Wonderland no Goodreads, com a classificação quantitativa de 4 estrelas:
Há já muitos anos que queria ler Alice no País das Maravilhas, mas preferi esperar para ter maturidade e capacidade para o fazer pela versão original, em inglês. Feitas as contas, ainda bem que esperei!
Supostamente, este é um conto para crianças, mas os significados mais ímplicitos só se conseguem compreender com algum esforço. Penso que a maior crítica, e a mais imediata e explícita, é à autoridade dos adultos e à sua incansável busca pelos porquês de tudo o que os rodeia, esquecendo-se de procurar os pequenos prazeres da vida, sem pressas, sem se questionarem. Ao longo da sua viagem de sonho, a Alice aprende a relaxar e a aproveitar o que as contingências do acaso lhe vão proporcionando.
Além disso, a linguagem utilizada pareceu-me demasiado exigente para as crianças, mesmo que nativas de inglês. Julgo que também pode ter que ver com o século em que os contos de Alice no País das Maravilhas foram escritos.
A partir da minha perspectiva, de uma jovem adulta, este livro tem uma óptima qualidade e lê-se com prazer. No entanto, ainda tenho dúvidas do que o leva a ser um clássico tão aclamado da literatura inglesa.
Curiosidade: a edição que tenho é já antiga, de 1974 - e, como a arranjei em segunda mão, tem a capa rasgada e riscada e, no interior, tem até uma dedicatória [Para a Paula da sua amiga de escola. Ana Paula Loureiro] e até um papelinho lá dentro, marcado com "Oeiras, 15 de Setembro 82" que começa assim: "Aqui estou revelando os meus pedidos para o amor da minha vida". Infelizmente, a lista de pedidos resume-se a "1º pedido. Quero que me continues a amar como tens até este momento. 2º pedido."
E pronto, fiquei sem saber quais seriam os restantes pedidos, mas sei que o livro já pertenceu a uma rapariga chamada Paula (possivelmente, a referida apaixonada) e que lhe foi oferecido pela sua amiga Ana Paula.