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No fim-de-semana passado, acabei por ir mesmo ver a última adaptação para filme d'Os Maias (numa das únicas duas salas de cinema na Margem Sul em que se deram ao trabalho de o colocar em exibição), mas ainda não tive tempo de me alongar mais acerca do assunto. No Facebook, revelei apenas que a minha avaliação seria um 6,5 em 10 e fiquei-me por aí.
No entanto, aqui vai a justificação desse rating.
Em quase todo o filme, notou-se que se tratava de uma produção sem grandes orçamentos, apesar de ser apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo banco Montepio Geral. O primeiro aspecto que mais o deve demonstrar é o que uns podem interpretar como "forma de arte", ao utilizar cenários pintados como no teatro, em vez de se terem deslocado aos locais a que se refere o livro - o Douro, o Chiado, mansões antigas como as que Eça evoca... Enfim, a falta de financiamento foi um bocado evidente. Além disso, o posicionamento dos actores e a perspectiva da câmara revelava captações de teatro e não de cinema, o que comecei a achar um pouco descabido ao fim de algum tempo. Este foi, em geral, o comentário que mais ouvi os outros telespectadores dizerem no final do filme.
Quanto à qualidade dos actores, temos de tirar o chapéu a alguns deles, mas outros deixaram muito a desejar na dicção, nomeadamente o actor que desempenhava o papel de João da Ega (Pedro Inês).
Já o actor que fazia de Carlos da Maia (Graciano Dias) foi uma excelente escolha, com uma excelente caracterização facial e de figurino - foi um Carlos tal e qual como eu imaginei ao ler o livro. Quão admirados ficariam se vos dissesse que ele é o mesmíssimo actor que faz de Rolando na novela Beijo do Escorpião? Eu acabei de o descobrir e fiquei estupefacta!
Tive imensa pena que a Catarina Wallenstein - que encarnou a maldita Maria Monforte, mãe de Carlos e Maria Eduarda - não tivesse sido escolhida para um papel mais relevante e mais frequente no filme, porque é uma actriz fantástica e fez toda a diferença nos aproximadamente 10 minutos em que apareceu. O mesmo se aplica ao João Perry, isto é, ao avô extremoso Afonso da Maia.
De resto, o filme foi demasiado longo, com cenas desnecessárias e muuuuuuuito pouca acção. Podiam ter explorado melhor a banda sonora, quase inexistente, que sempre poderia dar um bocadinho de energia à acção. Ainda por cima, tanto por bons quanto, infelizmente, por maus motivos, o filme é bastante similar à narrativa do livro, exactamente com as mesmas conversas, com as mesmas hesitações, as mesmas preocupações do narrador em captar o ambiente demonstradas pela câmara... E um livro não é um filme, nem um filme é um livro.
Apesar de tudo, Os Maias - cenas da vida romântica é um bom filme. A parte menos positiva é que é um filme português e, por isso, faltou-lhe algum investimento em recursos para poder merecer mais do que 6,5 em 10 - uma pena!
Ainda no outro dia falava eu de livros e filmes que resultam de livros, e olhem-me para isto...
Tenho de ler o livro. Tenho de ler o livro. Tenho de ler o livro. Não quero ser a única larva a não ter lido um único livro escrito pelo John Green, autor que dizem ser muito promissor, tanto mais quanto já há uma adaptação cinematográfica prestes a estrear, não, não!
As opiniões são quase todas unânimes no que toca ao seguinte:
1. Os livros que são adaptados a filmes são muito melhores do que os filmes em que resultam;
2. Antes de se ver um filme baseado num livro, há que se ler o livro, senão a imaginação na hora da leitura fica muito mais limitada pelas imagens dos actores e dos cenários recriados cinematograficamente;
3. Quando se lê um livro antes de se ver um filme, o último costuma ser uma autêntica desilusão;
4. Quando se vê um filme antes de ler um livro, o último costuma ser uma grande surpresa.
Acrescentariam mais alguma coisa?