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Ultimamente, tenho descoberto que há cada vez mais professores universitários a valorizarem as grandes obras, de grandes autores, que eles escreveram para crianças. No primeiro semestre, fiz um trabalho sobre As Crónicas de Nárnia. Mal o 2º semestre começou, logo na primeira aula de Cultura Visual, a professora mandou-nos (re)ler O Principezinho como trabalho de casa para o Carnaval (e reflectir acerca da relação da história com a matéria que vamos estudar).
Esta evolução nas leituras seleccionadas no meio académico deixa-me bastante feliz. Há novos horizontes a serem explorados, novos pontos de vista. Ao contrário do que o Principezinho pensava no seu tempo, talvez os adultos estejam realmente a combater a sua seriedade. Talvez Saint-Exupéry se orgulhasse por o seu conto, supostamente escrito para alcançar um público juvenil, estar a ser recomendado por professores da faculdade. Talvez C. S. Lewis também se orgulhasse por tantas gerações, de todas as idades, continuarem a pegar nas suas Crónicas, tantas décadas depois.
O que une Lewis e Saint-Exupéry? Terem escrito livros "para adultos", mas esses mesmos adultos continuarem a preferi-los pelos seus livros "para crianças" (não desfazendo nos primeiros, é claro). E não é que se justifiquem tais rótulos, mas utilizamo-los pela mera necessidade de classificação para efeitos práticos.
Estudar livros "para crianças" na faculdade só mostra que é possível retirar conclusões importantes dessas leituras. Que os autores, por vezes, levam as crianças mais a sério do que os leitores adultos. Que escrevem com mais qualidade e cuidado para elas. Que é nelas que confiam para mudar o mundo. Que os adultos aprenderão com esses livros e recuperando a perspectiva das crianças.