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Da saga "os meus amigos emprestam-me boas leituras"... Os Guerreiros do Arco Íris, de Andrea Hirata!
Apesar de não o considerar um livro extremamente bem escrito, talvez porque a tradução para português não é das mais ricas, estes Guerreiros conquistaram-me.
O que parece ser uma espécie de narrativa da infância do próprio autor leva-nos a uma ilha exótica, linda, mas muito pobre. Os seus habitantes vivem subjugados por um monopólio capitalista que quase os divide em castas, mas, no meio de tanta miséria, uma turma de onze alunos marca a diferença é insiste em contrariar o destino.
Mais do que uma narrativa literária, esta é uma história que nos inspira a acreditar num futuro melhor, ao providenciarmos uma instrução decente às crianças de todo o mundo. O relato de Andrea Hirata obriga-nos a repensar as nossas prioridades e a reflectir sobre a perserverança e a lealdade.
No fim, dei-lhe 4 estrelas.
Eis um dos novos livros da coleccção de bolso da Leya, que custa uma ninharia e entretém e ensina imenso: O Filósofo e o Lobo, do professor Mark Rowlands!
Concordo com o que dizem muitas das críticas a este livro: não é um livro de filosofia convencional. Na maior parte do tempo, nem sequer temos muita dificuldade em seguir a narrativa ou a argumentação - é uma leitura razoavelmente leve. Consiste principalmente num relato de alguns episódios que Mark Rowlands viveu com o seu lobo Brenin, intercalado com algumas reflexões de ordem social, biológica e (obviamente) filosófica. A questão central é: como definir humano, como distinguir o Homem em relação às restantes criaturas terrestres? E como podemos comparar o Homem ao Lobo?
Em suma, não se deve esperar d'O Filósofo e o Lobo uma narrativa autobiográfica detalhada, mas também não se deve esperar uma leitura académica exaustiva e muito teórica. Aliás, há uma conjugação bastante equilibrada entre autobiografia e filosofia.
Atribuí 4 estrelas e não 5, apenas porque se notava alguma repetição de ideias que, ao fim de dezenas e dezenas de páginas, se torna irritante. Fiquei com a ideia de que não tinha havido cuidado na revisão da coesão entre capítulos.
A edição de bolso da Leya também precisa de uma revisão urgente na pontuação do texto.
Este foi também o primeiro livro oficial da coleccção comum de livros que me pertence tanto a mim quanto ao meu namorado, Ricardo. Somos os dois grandes fãs de livros e da leitura em geral, por isso pensámos que faria todo o sentido começar, não a juntar um enxoval para a vida, mas sim uma biblioteca da nossa futura família (se tudo correr bem). Dito isto, a mão, os pés e a mobília que vêem na foto desta publicação não são minhas... mas sim dele, porque eu fui a primeira a ler O Filósofo e o Lobo e passei-lho depois disso, em jeito de custódia partilhada!
Este é mais outro livro que trouxe da biblioteca por, finalmente, perceber que não poderia seguir a minha vida de todos os dias sem o ler. O Rapaz do Pijama Às Riscas é uma história relacionada com o Holocausto e, como estudante de cultura, senti mesmo necessidade de perceber se era tão bom quanto contavam. Agora, só não sei se tenho coragem de ver a respectiva adaptação cinematográfica.
Esta é a minha opinião acerca do presente livro de John Boyne, que eu acho que merece 5 estrelas:
Este é mais um livro para crianças e jovems, escrito para também conquistar os adultos. Aliás, penso que tenha sido escrito com esse propósito, muito em particular. Nem sei até que ponto é que uma criança perceberá os trocadilhos, as referências e os apartes do narrador/autor. 5 estrelas pela leitura do ponto de vista de um adulto, pela riqueza de emoções e de críticas veladas.
Este é o terceiro livro no espaço de um mês que eu perdi enquanto jóia da infância. Só o li aos 20 anos, mas serviu na mesma enquanto leitura marcante, bonita e que me fez voltar a sonhar um bocadinho. Há anos que ouço falar do Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, mas nunca tive muita curiosidade, até que o encontrei na biblioteca da minha zona e cheguei à conclusão de que era uma história que me fazia falta conhecer.
O que acham da crítica que deixei no Goodreads ao Meu Pé de Laranja Lima? Dei-lhe 5 estrelas.
Que história tão triste, mas com uma aura de esperança tão grande, tão plena de sonhos e de carinho!
Adoro a linguagem regional que caracteriza a escrita de José Mauro de Vasconcelos, adoro a caracterização das personagens, as voltas e revoltas que a história leva, a dificuldade inicial em compreender esta narrativa cheia de complexidades da infância e da linguagem e da imaginação da infância.
Depois de ler a biografia do autor, fiquei muito feliz por perceber que, no fim de contas, o Zezé não se saiu nada mal na vida.
Bom livro para as crianças, mas aqui a adulta fica feliz por só agora o ter lido, compreendendo toda a obra.
Como é que eu fiquei taaaaaantos anos com este livro intocado na estante? Foi preciso uma amiga incitar-me e relembrar-me do valor que o público leitor dá a'O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado. É que eu já tenho este livro há quase 10 anos e nunca o li (antes, porque não gostava de ler outros tipos de português, nomeadamente o do Brasil; mais recentemente, por parvoíce). Ainda por cima, ele é tão curtinho que se lê numa hora ou duas... Felizmente, redimi-me aos 20 anos e esta foi a minha última leitura de 2015.
Vejam lá se concordam com a minha crítica no Goodreads!
Tenho este livro há tantos anos, mas parece que só agora o consegui compreender. Apesar de "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" ser uma história para crianças, escrita por Jorge Amado pelo primeiro aniversário do seu filho, a profundidade emocional e a riqueza textual só podem ser entendidas por adultos. Uma criança há-de gostar da história, há-de entender o enredo, mas não será capaz de aproveitar toda a obra e os seus significados (à semelhança d'"O Principezinho", por exemplo).
Como é que uma obra tão curta veicula tantas críticas ao mundo dos adultos, ao mundo humano, através de uma espécie de fábula dos tempos contemporâneos? O que mais lamento na história é o seu final tão triste, o que, por um lado, violenta a imaginação das crianças e o seu desejo por um final feliz e justo; por outro, será que lhes ensinará a viver numa sociedade e numa realidade em que nem sempre tudo se desenvolve ao nosso gosto? Então, só é pena ter ficado a ideia de um suicídio. Assim se justificam as 4 estrelas que atribuí a'"O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá".
At last but not the least, adorei as ilustrações do artista Carybé!
Este não é o tipo de leitura que mais interesse à blogosfera (à semelhança, é provável, da maior parte das minhas leituras), mas deixo-vos na mesma a minha crítica a La fin de la jalousie et autres nouvelles [tradução possível: o fim da inveja e outras novelas], de Marcel Proust (o autor de Em Busca do Tempo Perdido), a que dei 3 estrelas no Goodreads. De qualquer forma, a crítica é bem curta, porque também não gostei muito destas "novelas", que eram mais contos que outra coisa.
Sexo. Erotismo. Amores mal resolvidos. Traições. Desgostos. Inveja. Ciúme.
Não gostei muito destes contos. Obviamente, pelos maus pagam os que até achei bons, escritos com cuidado e criatividade, mas a maioria não correspondeu às minhas expectativas.
Para mim, encontrei drama a mais e qualidade a menos. Espero que seja culpa minha e não de Proust.
Eis a prenda que dei à minha cara metade no Natal: Violência do professor esloveno Slavoj Žižek. Quando fiz um intercâmbio em Newcastle, as minhas colegas eslovenas já me tinham recomendado ler as obras dele e ver os seus vídeos no Youtube (que, já agora, também são muito bons), por isso finalmente surgiu a oportunidade de começar por algum lado, em particular porque as traduções da editora Relógio d'Água costumam ser boas (se bem que esta não me pareceu a melhor). E sim, já sabem que eu leio os livros que ofereço, antes de os oferecer.
Provavelmente, este não será o título mais apelativo para se dar ao namorado, muito menos no Natal, mas prometo que também lhe ofereci outras prendas. Além disso, nós gostamos destes temas sócio-coisos.
Como me esqueci de arranjar uma fotografia do livro, aqui vos deixo uma imagem da capa...
... e, obviamente, a crítica que escrevi no Goodreads (com 4 estrelas de avaliação)!
Este é daqueles livros que não podemos ler apenas uma vez. Não chega para o disfrutarmos plenamente. Para entendermos o discurso de Slavoj Žižek, tanto o escrito quanto o oral (através do seu canal de Youtube), temos de o rever vezes sem conta.
Žižek deambula imenso de tema em tema e, quando nos apercebemos, ele já mudou drasticamente. Acompanhar a escrita fluída, como se de uma conversa se tratasse, é um dos maiores desafios neste livro.
A única falha, que não é bem uma falha, consiste na referência constante a autores de todos os tempos, a livros, filmes e eventos sobre os quais o leitor menos informado poderá não ter conhecimento.
Em geral, quem diria que há tantos tipos de violência, todos eles tão intricadamente ligados uns aos outros? E quem diria que somos tão violentos todos os dias, sem nos apercebermos?
Recomendo imenso este livro para quem pretende reflectir acerca da vaga de refugiados na Europa e dos ataques terroristas em Paris durante o ano de 2015.
No dia 18 de Novembro, fui ao Colóquio "Educação e Cidadania" na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Coincidentemente, na hora de almoço visitei a livraria da fundação, como já é meu hábito cada vez que lá vou - e foi lá que encontrei este livro. Formar Leitores Para Ler o Mundo é a colectânea das intervenções de imensos professores, investigadores e editores acerca da leitura no Congresso Internacional de Promoção da Leitura, que ocorreu em Janeiro de 2009. Os autores destas comunicações transcritas em livro tratam em particular da promoção da leitura junto dos mais jovens e em geral junto de toda a população, através dos núcleos familiares.
O que me cativou desde o primeiro momento foi a capa. Depois, foi o preço (menos de 5€). Finalmente, o conteúdo.
Assim vos deixo a minha crítica goodreadsiana a Formar Leitores Para Ler o Mundo, ao qual atribuí 5 estrelas de avaliação!
Tantas questões levantadas e tantas possíveis respostas tão construtivas! O que é a leitura, o que é a literatura e como levá-las às crianças em particular (e aos adultos em geral), tornando os respectivos processos mais apelativos e acessíveis para todos os níveis de compreensão literária?
O que torna este livro tão interessante do ponto de vista leigo e científico é resultar de uma data de intervenções numa conferência da Fundação Gulbenkian em 2009, não há muito tempo, e cada um dos conferencistas ter uma experiência diferente no que toca à sua nacionalidade, idade, formação de base, domínio de investigação e carreira. Deste modo, as opiniões e soluções são igualmente diversas.
Apesar de o tema central da conferência, a leitura, parecer fechado, cada painel apresenta abordagens criativas.
Recomendo este livro a professores de todos os níveis de escolaridade, a estudantes de literatura, a escritores e aspirantes a escritores, aos país de crianças em idade escolar, a bibliotecários e quaisquer outros profissionais da área com responsabilidade na promoção da leitura junto da população.
Está aberta a época de leituras na Fnac (aliás, desde A Metamorfose)! Como a crise chega a todos e os livros novos não custam menos de 15€, aproveito alguns furos de 4h e de 5 horas e meia entre aulas da manhã e da tarde para me pôr a jeito na Fnac.
Quanto ao livro O Meu Irmão, o primeiro romance de Afonso Reis Cabral e o primeiro vencedor do Prémio Leya com que alguma vez entrei em contacto, tenho a confessar que fiquei desiludida. Sim, o enredo era promissor, a forma de contar era engraçadita, mas nada passava de medíocre. Raramente me senti surpreendida ao longo da leitura.
Para quê mais palavras, se a minha opinião acerca d'O Meu Irmão já anda pelo Goodreads?
Comecei a ler este livro sem qualquer expectativa, apesar de ter recebido o Prémio Leya 2014. Ao fim de algumas dezenas de páginas, passei a ficar dividida: este é ou não é um bom livro, bem escrito? E, mesmo depois de o ter terminado, continuo a senti-lo como agridoce.
Em suma...
Pontos fortes: enredo (e, particularmente, o seu culminar) inesperado, construção bem conseguida do clímax que nos vai conduzindo até à última página, personagens improváveis, boa descrição de uma aldeia e seus habitantes no interior de Portugal (apesar pretensiosamente caricatural), estruturação criativa do texto e dos "à partes" do narrador participante na história.
Pontos fracos: escrita desengraçada, sem nada de surpreendente, recursos linguísticos pouco satisfatórios, referências a locais que não são como o autor os descreve (suspeito de que, nos anos 80 ou 90, não houvesse restaurantes nas imediações da Cidade Universitária ou da Faculdade de Letras - nem hoje os há, só mesmo os bares dentro das faculdades).
Parecendo que não ao leitor mais desatento, a qualidade da escrita, a falta de descrições satisfatórias, veio angustiar-me muito. É que, sendo a sua presença tão constante ao longo de toda a história, não percebi nada - nadinha! - de como é que é suposto a Luciana ser fisicamente. Sim, está bem, é deficiente, magra, tem a cara e o corpo esquisitos... Mas como??
E, agora que me lembro (o que até considero um aspecto positivo)... A aparência do narrador foi sempre ocultada, não foi? Como é que será esse professor? Será alto, baixo, rechonchudo ou espadaúdo? E como se chamará mesmo? Até é engraçado sermos deixados a pensar.
Na via das dúvidas, e esperando por mais livros escritos por Afonso Reis Cabral, atribuo 3 estrelas ao seu primeiro. Ainda é muito prematuro fazer considerações acerca do autor e da sua criação literária.
Os meus interesses académicos são variados. Na verdade, qualquer tema das humanidades ou das ciências sociais consegue cativar-me.
Por isso é que adoro estudar o que estudo! E não hesito em ler os livros recomendados pelos professores. Este Ethics, uma curta introdução escrita pelo professor Simon Blackburn, até já foi lido pelo Ricardo porque eu gostei tanto de o ler, achei-o tão conciso, que não descansei enquanto não vi a leitura partilhada.
Já agora, a edição anterior do livro tinha outro título Being Good.
A explicação das 4 estrelas que atribuí a Ethics no Goodreads:
Não estava à espera que esta leitura me agradasse. Comecei a ler a introdução à ética de Blackburn sem expectativas, mas acabei por gostar da organização do livro e de como o autor coloca em análise questões do dia-a-dia, sob o escrutínio de teorias de pensadores muito afamados.
Na verdade, qualquer leitor que tenha estudado Filosofia na escola já terá conhecimento da maioria dos conteúdos expostos. O que é, de facto, mais relevante, aquilo que devo destacar é a capacidade de sintetização e compilação de Blackburn.
O ponto mais fraco que tenho a apontar acerca desta introdução à ética é o ocasional devaneio do autor, o que me deixou algumas vezes a pensar "mas o que é que isto tem que ver com o assunto?".
Recomendo o livro a novos alunos de ciências sociais ou humanas.