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"O problema não és tu, sou eu" deve ser uma das frases mais odiadas de sempre em português, provavelmente a seguir de "isto não é o que parece". Nem sei se também será utilizada noutras línguas (the problem is not you, it's me? le problème n'est pas tu, c'est moi?). Aposto que, se eu tivesse de acabar com alguém, essas seriam tal e qual as minhas palavras, a minha derradeira desculpa. Afinal, sou humana. E portuguesa.
Por isso, não é de admirar que O Problema Não És Tu, Sou Eu tenha sido o título escolhido pela Ana Garcia Martins, aka Pipoca Mais Doce, para o seu último livro lançado ontem à tarde.
Vou-vos contar a história de como o li: tinha a ideia de ir à apresentação, na Fnac dos Armazéns do Chiado, mas reservei um par de horas antes para o poder ir ler, já que as minhas finanças pessoais andam pela rua da amargura (as always) e presentemente não me dá muito jeito andar a dar 15€ por um livro como se não fosse nada de importante. Afinal, acabei por ler todo o livro em duas horas, sentadinha no café da Fnac, num dos bancos à janela, com luz lisboeta natural a iluminar-me a leitura. Depois de um dia cansativo, soube-me que nem ginjas!
Bem, mas passando à crítica do dito livro.
Já estou mais do que habituada à escrita descontraída da Pipoca, principalmente porque adoro as crónicas do blogue. É uma escrita que, não sendo o suprassumo da arte, faz bem à alma. Com o livro O Problema Não És Tu, Sou Eu, senti-me tal e qual assim, satisfeita e feliz. É uma leitura fácil, demora só um parzinho de horas, mas que par de horas é, muito anti-stressante. Decerto não merece um Nobel, mas não deixa de merecer o carinho dos leitores. E deixou-me com aquela sensação de que, se eu tivesse que escrever um livro, este estaria na lista dos candidatos - quem me dera ter sido eu!
Misturando um pouco de experiência pessoal com experiências alheias e uma pitada de lugares-comuns, a Ana Garcia Martins explora algumas questões do quotidiano das relações dos vinte em diante. No entanto, eu ainda não tenho vinte anos, tenho uma relação estáapvel e fofinha há dois e, por isso, encarei os seus conselhos como óbvios, algo que já toda a gente devia saber pelo menos aos 25. No entanto, não me posso esquecer que há por aí boas pessoas que batem muito com a cabeça numa combinação de falta de sorte e de inabilidade para manter relações. Dito isto, essas pessoas deviam mesmo, mesmo, mesmo ler o livro da Pipoca/Ana e aprender umas quantas coisas, coisas que a própria Ana só tem aprendido de há uns anos para cá, já agora. Um bocadinho de educação emocional nunca fez mal a ninguém, ainda que plena de clichés e com um ou outro tema mais repetido, como neste livro.
De resto, a Ana sabe mesmo escrever, sabe onde pôr as vírgulas e só por causa disso já tem o meu respeito. A edição está fenomenal, não há gralhas na revisão, as ilustrações são engraçadas e pronto, vão ler O Problema Não És Tu, Sou Eu e ser felizes (ou aprender a sê-lo, em todo o caso)!!!
Fui aconselhada pela Carolina a ler este livro, Imagine - De onde vem a criatividade, que ela garantiu ser uma leitura suficientemente fácil para me distrair, mas também suficientemente educativa para não me sentir perder tempo em algo inútil. Pelos vistos, acertou, porque é assim que também o classifico. Não é uma leitura particularmente sintética, mas conseguimos encontrar sempre o fio à meada quando a retomamos. Não é um livro científico enfadonho, com imensas referências a temas que os leigos na matéria da neurociência não entendem, e entretem-nos com estatísticas, entrevistas e relatos de casos reais para melhor entendermos o assunto. É impossível não procedermos de imediato a uma auto-análise, quando lemos acerca dos estudos científicos mencionados e respectivos resultados. Como podemos ser mais criativos? Será que as dicas do autor e dos entrevistados resultam? A mim, parece-me que sim, e que aprendemos muito sobre nós próprios, o nosso potencial criativo e a influência do meio que nos rodeia com este "Imagine".
Estou a tentar diminuir a minha dependência. Ler vários livros ao mesmo tempo acaba por me baralhar e, no final de contas, nem sequer disfruto devidamente das leituras feitas em simultâneo. Deste modo, por agora são "só" três: uma fanfic, um livro de divulgação científica e um romance. Para começar, este humilde montinho de mesa de cabeceira parece-me sensato!
1. Harry Potter and The Methods Of Rationality (o meu primeiro ebook de sempre) - Eliezer Yudkowsky/Less Wrong
Já tinha tentado ler um livro do Haruki Murakami no telemóvel, mas as letras eram demasiado pequenas e acabei por desistir. Agora que tenho A Tablete, senti-me mais cativada e comecei a ler Harry Potter and The Methods Of Rationality, uma loooooooonga fanfic em constante crescimento (já vai em mais de 1600 páginas) que aborda a vida de Harry Potter como se a sua tia Petunia tivesse casado com um eminente cientista e não com o ranhoso do Vernon Dursley, e os dois o tivessem adoptado desde sempre como seu filho depois da morte de Lily e James. Pela altura do seu ingresso em Hogwarts, encontramos um Harry bastante diferente daquele a que estamos habituados: criança prodígio, céptico, confiante, sarcástico e um tanto calculista. Ainda estou para perceber se simpatizo com esta nova versão do meu herói literário favorito. De qualquer maneira, é um livro muito divertido, abordando ao mesmo tempo algumas questões científicas.
2. Imagine - de onde vem a criatividade - Jonah Lehrer
Interesso-me muito pela área da Psicologia. Por isso, tento encontrar livros que satisfaçam a minha curiosidade. Este tem funcionado bem e não me tem desapontado. Já cheguei a falar dele. Foi a Carolina quem mo emprestou e eu sabia que podia confiar no seu bom gosto.
3. Fúria - Salman Rushdie
Ainda não estou certa sobre o que penso deste livro. Está inegavelmente bem escrito, ou não fosse Salman Rushdie o seu autor. No entanto, a narrativa é confusa, os pensamentos do protagonista são caóticos e todo este turbilhão não me têm seduzido. Aguardem notícias...
Para compensar a forte desilusão que sofri com o último livro, agora ando mais virada para os livros de psicologia cujos autores têm credibilidade - serem investigadores na área é uma hipótese. E este moço de nome Jonah Lehrer parece-me preencher os requisitos para que eu leia um livro dele, Imagine - De onde vem a criatividade. A Carolina adorou-o e fartou-se de mo recomendar, até que não teve alternativa senão emprestar-mo. Neste momento, ainda estou algures no segundo capítulo, mas já percebi que ela tem razão: esta é uma leitura levezinha, não é preciso grandes recursos intelectuais para o entender, lê-se como se fosse um romance de faca e alguidar e, ainda assim, aprende-se à fartazana enquanto se relaxam os miolos. Melhor é impossível. Deixo-vos com a ficha dele...
Título: Imagine - De onde vem a criatividade
Autor: Jonah Lehrer