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De vez em quando, todos nós precisamos de leituras levezinhas que não nos pesem muito na cabeça. Comigo, o assunto arruma-se com romances da carochinha, de preferência que se passem em Nova Iorque (não me perguntem a relação, devo apenas gostar da ideia cosmopolita).
Os últimos dois livros deste género foram os dois "qualquer coisa" - Something Borrowed e Something Blue, de Emily Giffin.
Estas foram as reviews que deixei no Goodreads...
Something Borrowed (4 estrelas):
A avaliação elevada que atribuo a este livro é tendenciosamente inflacionada, dadas as minhas expectativas acerca dele. Tratando-se de "chick lit", ninguém deve esperar que das suas páginas venha a emanar uma escrita intelectual, reflexões profundas acerca da condição e sociedade humanas, que todo o talento e inspiração do Homem se condensem nestas 300 páginas.
Seja como for, a minha atitude para com Something Borrowed não é de condescendência, mas sim de compreensão e de aceitação quanto ao género literário a que pertence. Inclusivamente, já o tinha lido há uns anos, na sua tradução portuguesa, e visto o filme logo que ele saiu e ainda mais uma ou duas vezes mais recentemente - sempre a adorar o enredo.
Depois destas duas experiências agradáveis, a fílmica e a literária, a curiosidade sobre como eu encararia o romance se o viesse a ler mais uma vez na sua versão original prevaleceu.
Por isso, aqui vos venho confirmar: esta é literatura light. Posso compará-la até com as novelas de horário nobre: dentro do seu género, muitas têm qualidade e entretêm, emocionam e prendem o seu público. É isso que se espera de uma história de amor simplificada e mesmo utópica, aclichézada.
A escrita não é composta, não abundam experimentalismos linguísticos, nem descrições pormenorizadas e pomposas acerca dos cenários e das personagens. Há apenas lugares comuns com que, por acaso, muitos leitores (leitoras, na sua maioria) se conseguem identificar e que são facilmente imagináveis. E acabam por ser estas mesmas características que tornam a leitura tão aprazível. Não é preciso investir-se muito esforço nela.
Assim, estou em pulgas para passar à continuação da história de Something Borrowed: Something Blue.
Something Blue (5 estrelas):
Tal como Something Borrowed, o livro Something Blue tem um enredo simples, sem grandes floreados e até é previsível. É "chick lit" e pronto. É um excelente entretenimento.
Desta vez, o segundo "Something" de Emily Giffin é narrado do ponto de vista da antagonista do primeiro, Darcy Rhone. Ao contrário da sua antiga melhor amiga, Rachel, Darcy é uma personagem que nos irrita bastante enquanto leitores. É teimosa, arrogante, egocêntrica... Uma peste que é facilmente odiável. E a forma como a autora lhe dá voz pelas palavras consegue-nos fazer odiar a Darcy, sem dúvida.
Como em qualquer obra de literatura light, a imprevisibilidade acaba por constituir um trunfo. Não querendo semear demasiadas pistas acerca da história, desde a partida de Darcy para Londres torna-se quase evidente de que modo é que a trama vai (tem de...!) terminar. Consequentemente, a ânsia que eu senti, e que talvez outros leitores também sintam, deriva da vontade e da necessidade de confirmar aquilo de que suspeitava. É uma espécie de impaciência perante a acção, passamos a querer saber mais e a devorar as últimas cem ou duzentas páginas de rajada.
Além disso, é relativamente tentador simpatizarmos com algumas personagens, principalmente com o Ethan, que tanto tempo permanecera no segundo plano em ambos os "Something".
Sem pretensões a obra literária do ano, Something Blue ultrapassa até as expectativas criadas por Something Borrowed. Quem adora finais felizes, casamentos e bebés há-de ficar com a lágrima fácil.
Os meus interesses académicos são variados. Na verdade, qualquer tema das humanidades ou das ciências sociais consegue cativar-me.
Por isso é que adoro estudar o que estudo! E não hesito em ler os livros recomendados pelos professores. Este Ethics, uma curta introdução escrita pelo professor Simon Blackburn, até já foi lido pelo Ricardo porque eu gostei tanto de o ler, achei-o tão conciso, que não descansei enquanto não vi a leitura partilhada.
Já agora, a edição anterior do livro tinha outro título Being Good.
A explicação das 4 estrelas que atribuí a Ethics no Goodreads:
Não estava à espera que esta leitura me agradasse. Comecei a ler a introdução à ética de Blackburn sem expectativas, mas acabei por gostar da organização do livro e de como o autor coloca em análise questões do dia-a-dia, sob o escrutínio de teorias de pensadores muito afamados.
Na verdade, qualquer leitor que tenha estudado Filosofia na escola já terá conhecimento da maioria dos conteúdos expostos. O que é, de facto, mais relevante, aquilo que devo destacar é a capacidade de sintetização e compilação de Blackburn.
O ponto mais fraco que tenho a apontar acerca desta introdução à ética é o ocasional devaneio do autor, o que me deixou algumas vezes a pensar "mas o que é que isto tem que ver com o assunto?".
Recomendo o livro a novos alunos de ciências sociais ou humanas.
Depois das sagas "o meu dentista não gosta de Saramago" e "o meu dentista interessa-se pelas minhas preferências literárias", apresento-vos uma nova saga: "o meu dentista diz que eu tenho de ler melhores livros do que aqueles que o Saramago escreveu" (ah ah ah, que engraçado).
E pronto, este foi o primeiro livro que li a conselho e insistência do referido especialista em ortodoncia.
A crítica que deixei no Goodreads ao livro As Velas Ardem Até ao Fim, do autor húngaro Sandór Márai, foi a seguinte:
Antes de ler As Velas Ardem Até ao Fim, julgando o livro pelo título, pensei que se tratasse de mais um romance lamechas.
No entanto, em breve vim a descobrir que, além de lamechas, também é sério.
"Grandes temas" são discutidos pelas personagens, em particular pelo General: amor, amizade, traição, envelhecimento, honestidade, inveja, riqueza, pobreza... Por vezes, a sua análise pode parecer superficial, mas de imediato somos levados a uma reflexão estruturada acerca deles.
Há que sublinhar que este não é um romance típico - divide-se em duas partes distintas, o pré-jantar (constituído pela apresentação das personagens, por algumas das suas memórias e pensamentos, que interpretei como sendo uma contextualização do que se seguiria) e o jantar (em que predomina o monólogo do general, quem acaba por ser o principal narrador de toda a história).
Gostei igualmente do simbolismo da noite (ao cair, ao cerrar-se e ao dar lugar ao amanhecer) e da luz das velas. Sem dúvida, estes pormenores ocupam um lugar central na construção do ambiente da conversa. Aliás, Marái demonstra ser um génio a gerar sentimentos complexos na mente do leitor, através de apontamentos simples.
Quanto à avaliação final deste livro, encontro-me indecisa entre as 4 e as 5 estrelas. Arrepondo, pois, para 5.
Faz hoje exactamente um ano desde que regressei de Newcastle. Desse intercâmbio de duas semanas, resultaram 8 livros por 16,30£, o que não deve chegar nem a 20€ ), comprados não só em Newcastle, como também em Alnwick. Entretanto, vendi alguns, pois descobri que não simpatizava com eles quando os tentei ler. A maior parte, ainda não tive oportunidade de ler. No entanto, já li os dois livros comprados por 3£ cada, numa loja de caridade em Newcastle - Malala e, agora, The Casual Vacancy.
O que me atraiu neste livro, além do facto de ser escrito pela J. K. Rowling (autora da saga Harry Potter), foi a capa. O amarelo e o vermelho predominam no design minimalista, mas chamativo. Adoro. E adoro a encadernação, a sobrecapa, o cheiro e o peso e a textura das páginas.
E adorei a história que tão magnificente cobertura encerra.
Atenção: a tradução portuguesa do livro, o título é Morte Súbita, mas o significado do título original The Casual Vacancy é qualquer coisa como O Lugar Vago Casual no jargão da administração local, como é explicado antes do início da história.
Finalmente, deixo-vos com a minha review ao The Casual Vacancy no Goodreads.
Até agora, este é um dos meus livros favoritos, de entre os que já li em 2015.
Não comecei a ler "The Casual Vacancy" com expectativas muito elevadas, uma vez que muitas das crìticas de outros leitores eram negativas e porque não me queria (des)iludir. Afinal, a J. K. Rowling é conhecida por escrever livros para um público infantil e juvenil, não para um público adulto.
No entanto, acho que desde o primeiro dia que me surpreendi. Não deixei de ser cautelosa com as primeiras impressões, cuja qualidade poderia não se prolongar, mas, quanto mais o final se aproximava, mais a história dos habitantes de Pagford se tornava empolgante. Falo por mim - notei que havia uma espécie de gradação no que toca à intensidade no desenrolar dos acontecimentos, quase como num filme, e que me ia tornando cada vez mais íntima em relação às personagens - primeiro, obtemos uma descrição muito geral de quem são, mas vamos percebendo cada vez mais a sua verdadeira identidade e os seus segredos ao longo dos capítulos.
Não é suposto este livro ser um thriller ou um policial. Desde o início que sabemos como morreu Barry Fairbrother, quem usa a sua identidade indevidamente, quem lhe queria mal e quem lhe queria bem. Na verdade, a existência desta personagem breve constitui apenas um pretexto para contar as histórias de todos os seus conterrâneos.
Surpreendi-me com a linguagem nua e crua (li a edição original, em inglês), com a construção detalhada da vida de cada habitante de Pagford e com a capacidade de J. K. Rowling para escrever um livro fora do seu registo habitual, depois de tantos anos dedicados a Harry Potter.
Sei que é precisa alguma perseverança para ler um livro tão longo sem perder o impulso e a motivação na sua leitura, mas o meu truque foi não deixar de pegar no livro um dia que fosse, mesmo que só acabasse por ler algumas páginas.
Boas leituras!
Finalmente, um tempinho para voltar a leituras saramaguianas! Que felicidade. Fiquei um pouco desapontada com este romance, A Jangada de Pedra, mas ele também me trouxe algumas alegrias.
Acho que ficou tudo dito nesta review no Goodreads:
Há mais ou menos dois anos que não lia nenhum romance escrito por Saramago. Por isso, este Verão senti vontade de ler A Jangada de Pedra. Escolhi guardá-lo para depois de o período lectivo acabar, uma vez que reconheço a complexidade da escrita saramaguiana - e não me refiro particularmente à disposição da pontuação, mas sim aos significados implícitos, às piadas e críticas à sociedade escondidas, ao que, em geral, a escrita corrida tem tendência a camuflar.
Finda a leitura, fico feliz por tê-la guardada para uma altura do ano mais calma, em que já tice disposição e disponibilidade mental para apreciar este romance.
Ao contrário do que muitas vezes acontece, à parte a síntese da contracapa do livro, não fiz questão de ler mais resumo ou opinião nenhuns acerca dele. Não tive nenhuma expectativa inicial e valeu a pena, pois cada novo desenvolvimento no enredo foi uma surpresa para mim. Como sempre, as personagens dos universos saramaguianos têm um estilo próprio, que pessoalmente consigo entender, mas não explicar. Neste romance, até um cão é elevado ao estatuto de protagonista e talvez o que mais me tenha surpreendido tenha sido a quantidade de protagonistas, é isso mesmo: cinco.
Dada a conjuntura económica e política europeia neste Verão de 2015, com toda a polémica acerca de a Grécia se estar a afastar (ainda que metaforicamente) da União Europeia, e de por ela estar a ser negligenciada ou até discriminada em relação aos restantes países membros, A Jangada de Pedra de Saramago, escrita há quase trinta anos, quase se poderia tratar de um prenúncio - é, de facto, uma leitura muito oportuna para estes últimos (e próximos) meses.
Atribuí apenas quatro estrelas ao romance porque, em primeiro lugar, achei o ritmo da narrativa um pouco lento. Apesar de estarem a acontecer vários incidentes a um ritmo constante, parecia que nalguns capítulos não se verificava muita evolução e, assim, cheguei a perder alguma motivação momentânea na leitura. No entanto, esta é somente uma preferência pessoal e em nada tem que ver com a qualidade da escrita de Saramago. Em segundo lugar, não fiquei agradada com o final e quase o achei "martelado", para que a história não ficasse mais comprida. Muitos finais gloriosos (de um ponto de vista literário) permanecem em aberto, mas o d'A Jangada de Pedra termina demasiado abruptamente.
Chegou o dia em que posso dizer que li um livro recomendado pelo meu namorado. Sei que parece uma tolice, mas adoro a ideia de podermos partilhar os dois um interesse, como é o caso dos livros (que é o meu maior interesse, e um dia espero também podermos partilhar o interesse pela música, que é o maior interesse dele). How To Be Idle (tradução aproximada: Como Ser Ocioso) de seu nome, de origem britânica, assinado por Tom Hodgkinson (o meu novo ídolo no mundo dos trabalhadores freelancers), desafia muitos dos dogmas da nossa sociedade. Demorei a lê-lo (de Fevereiro a Julho, salvo erro), mas valeu a pena deixar algumas ideias a marinar durante estes meses, antes de avançar mais na leitura!
Já agora, uma vez que os livros do Book Depository demoram quase um mês a chegar, decidi ler este How To Be Idle em formato e-book, por ser mais prático e rápido de obter. O ficheiro PDF é facilmente encontrado através dos motores de busca, por isso façam-se ao bife! Em breve, escreverei qualquer coisa sobre a leitura de e-books - hoje não é o dia, mas prometo que fica para os próximos dias.
Crítica no Goodreads a How To Be Idle, do ocioso Tom Hodgkinson (a que atribuí 4 estrelas):
Quando o meu namorado me recomendou How To Be Idle, julguei que este seria "mais um livro" constituído por meia dúzia de teorias parvas anti-capitalistas, uns quantos bitaites a elogiarem o ócio e a preguiça.
No entanto, logo a partir das primeiras páginas, percebi que me havia enganado. How To Be Idle é, principalmente, um livro que nos apresenta teorias fora da caixa e que nos obriga a pensar sobre a economia e história mundial e sobre a história da economia - não só apresentando a opinião do seu próprio autor, como também de muitos outros, desde filósofos da Grécia antiga, até filósofos contemporâneos, passando pelos medievais e pelos iluministas.
Será que o mercado de trabalho sempre se estruturou do modo que conhecemos? Que hábitos de lazer adoptaram os indivíduos ao longo dos tempos? Que outras formas de equilibrar trabalho/emprego com o ócio é que existem? E qual a diferença entre trabalhar e ter um emprego? Estas são algumas questões que, surpreendentemente, vi respondidas.
Outra característica surpreendente deste livro é a sua sustentação teórica muito sólida. Não são deixadas pontas ao acaso. Os argumentos são todos muito fortes e nota-se que o autor, Tom Hodgkinson, é um homem culto e que leu imenso para poder escrever How To Be Idle.
A única razão que encontro para atribuir 4 estrelas em vez de 5 a este livro é tê-lo achado demasiado extenso e extensivo nalguns capítulos que, me pareceu, caíram na redundância e no exagero de citações de outros autores - mas trata-se apenas de uma preferência pessoal pelo que é sucinto e directo
De vez em quando, faz bem sairmos da nossa zona de conforto - até no que toca aos géneros de livro que lemos. Por isso, comprei na Feira do Livro de Lisboa Onze Tipos de Solidão, escrito na década de 1950 por Richard Yates. É um conjunto de contos sobre personagens muito distintas, mas que têm algo em comum: uma espécie de solidão, sendo frequentemente incompreendidos ou sofrendo de falta de reconhecimento das pessoas que os rodeiam. São histórias tristes, mas que nos fazem pensar...
Sem demoras, eis a review de Onze Tipos de Solidão que deixei no Goodreads, com a avaliação de 4 estrelas:
Este não terá sido um livro absolutamente espantoso, mas entusiasmou-me de certa maneira desde que o comecei a ler. Tem um encanto que provavelmente se deve à década de 1950, nos EUA, que me interessa culturalmente. Penso ser um retrato fiel dos indivíduos da época, dos problemas sociais e políticos contemporâneos e do país, em geral. Não costumo gostar particularmente de livros de contos, mas deste gostei muito! Cada história contada tem um significado e valor diferentes.
A tradução dos Inglês para o Português levada a cabo pela editora Quetzal é bastante boa e por isso abri uma excepção à regra de ler os livros na sua língua original sempre que possível.
Acabei ontem de ler o livro Diálogos com José Saramago, de Carlos Reis. Se alguma vez li uma transcrição de entreivsta deste tamanho, não me lembro, mas lá que foi uma grande entrevista, lá isso foi. Das 172 páginas do livro, a entrevista são para aí 150, mais introduções e coisas que tal. Comecei a lê-lo como apoio a um trabalho acerca do tema da disciplina de História, Memória e Literatura (cadeira para a qual também li A Capital!, se bem se lembram) e... de apoio passou a obra-chave a analisar, uma decisão tomada logo após algumas páginas lidas. História, memória e literatura são mesmo dos assuntos mais relevantes na entrevista.
Desta vez, esmerei-me. Há muito tempo que não escrevia uma crítica tão longa, quanto a que escrevi agora, acerca de Diálogos com José Saramago. O Goodreads agradece!
Antes de mais nada, começo por referir que este livro só deve ser lido por quem já conheça algumas obras de Saramago e consiga compreendê-las e à intenção do autor ao escrevê-las. Caso contrário, as informações recolhidas por Carlos Reis nesta entrevista transcrita perdem a sua contextualização e valor literário/cultural.
De facto, se ainda restavam dúvidas acerca do quão brilhante era a mente de Saramago, a transcrição das suas palavras, neste volume guardadas, há-de as limpar (ou, pelo menos, dissipar).
Encontrei este livro, esquecido, na Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, poucos dias antes de ser, coincidentemente, reeditado ((enquanto fazia pesquisa para um trabalho, sem nada saber). Finalmente, após mais de 15 anos, o seu mérito foi relembrado. Percebe-se por que só o tenha sido agora. Vejamos...
A personalidade por Natureza inconformada de Saramago nem sempre agrada à maioria das pessoas, leitores ou não. Para muitos, Saramago terá sido um figura conflituosa (no mínimo, polémica). Ao expor, sem papas na língua, uma data de situações, políticas e até indivíduos, com cuja acção discordava, Saramago há-de se ter tornado ainda mais incómodo para a cena política, económica e social do país do que já era. Os seus comentários são bastante mordazes e assertivos, e o que, por um lado, me agrada tanto na sua faceta pessoal, como também de escritor, a outros há-de causar mau-estar. Ou se adora, ou se detesta Saramago.
De resto, não podia ter pedido melhor elucidação sobre a obra do autor e a sua abordagem aos diversos temas nela tratados. Só tenho pena que, devido à sua data de publicação ser 1998, esta entrevista não contemple também os últimos livros escritos/lançados, nos anos 2000. O entrevistador coloca questões pertinentes, ora a partir de um ponto de vista leigo, ora de um mais académico, mas a conversa nunca perde nem interesse, nem coerência. São perguntas que, penso, todos os leitores de Saramago também gostariam de ver respondidas. Quanto às respostas, como referi, demonstram o génio saramaguiano. Muitas delas revelam muita sabedoria e reflexão acerca dos assuntos.
Dito isto, as 5 estrelas deveriam passar a 6... e mais houvesse, que eu as atribuiria a este livro.
Por favor, leiam este livro. Que diálogos tão bons!
Tenho andado com sede de literatura portuguesa. Ando com os olhos em bico de tanto inglês nas fotocópias e nos livros de estudo para a faculdade, tenho saudades do carinho do português e das palavras que melhor reconheço, em que me expresso e que entendo melhor.
Por isso, nada melhor do que me aventurar por mais um livro do meu autor português favorito, José Luís Peixoto, com Nenhum Olhar. Lia-o de vez em quando, mas acabei por terminar as últimas páginas mais depressa do que pensava.
Eis a minha crítica a Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto, no Goodreads:
Este talvez seja o livro, a história, mais triste que li desde há muito tempo. Não me refiro apenas ao enredo, mas também ao tom narrativo arrastado, sofredor.
Não gostei particularmente do início do livro. Não acho que a linguagem utilizada ou o enredo sejam excepcionais, ao contrário do que acontece nos restantes livros de José Luís Peixoto. Nem sequer encontrei nenhum elemento de surpresa.
Entre o fim do Livro I e o início do Livro II, senti-me mais entusiasmada. Finalmente, começaram a aparecer novas personagens, caricatas na sua maioria, que enriqueceram bastante a narrativa.
Quanto ao final, esperava qualquer coisa mais complexa ou, pelo menos, consoladora. À parte a tristeza e melancolia que já acompanham o leitor desde o princípio, ainda se fica mais infelizes por não se conhecer o desfecho para algumas das personagens ou por se assistir a tanta desgraça.
Por isso, atribuo 4 estrelas, tentando não baixar para 3, tendo em mente a construção psicológica das personagens e a audácia de JLP para as ter criado tão diferentes das personagens de outros livros seus (mas tão iguais ao indivíduo comum, qualquer um de nós).
Percebo por que ganhou o Prémio Saramago: Nenhum Olhar tem uma história "fora da caixa".
O livro que vos apresento já de seguida é pequeno, leve, fácil de ler e invulgar. É uma espécie de tratado acerca da cultura europeia. Esse livro é A Ideia de Europa, de George Steiner - uma excelente leitura para todos aqueles que têm uma hora livre que pretendem que seja produtiva, quer estudem Letras, quer não.
Requisitei este volume na Biblioteca da FLUL.
A minha crítica no Goodreads ao livro A Ideia de Europa, de George Steiner, a que atribuí 5 estrelas:
Li este livro devido à recomendação de uma professora da faculdade e ainda bem que o fiz. Apenas em 25 páginas (as primeiras 30 são constituídas pelo prefácio e por outra espécie de introdução escrita por Rob Riemen), Steiner adianta cinco aspectos que tornam a Europa um todo-num-só, uma unidade cultural. Não vou revelar aqui esses cinco aspectos, mas devo dizer que nunca tinha pensado no quão inéditos são neste continente, enquanto noutros não se verifica a existência de tais fenómenos culturais.
Tal como outros leitores já afirmaram [aqui no Goodreads], Steiner também parece defender uma ideia utópica acerca do futuro da Europa. Sou da opinião de que toma uma posição demasiado optimista e unificadora, por não serem considerados aspectos do foro político a par dos culturais.
Seja como for, A Ideia de Europa é um óptimo ensaio, um ponto de partida para a reflexão e consciencialização acerca de alguns pilares fundacionais da Europa enquanto comunidade, enquanto União Europeia.